domingo, 31 de maio de 2009
Articula nessa mente o abstracto que tanto insistes em cunhar. De pouco importa quando a sujidade não deixa ferir. Transcende a tua ruína nessa sodomia de mentira, nesse coito desse célebre pensamento. Deixa o cuspo que te arrasta o veneno na pele saboriar cada poro da tua inocência. Toma a posse do cravo que nunca te dei e do punho que te cobre o ventre, rasga a pele que te prende, despe essa mascote de mentiras sórdidas que teu mundo entende e estende a mão para cobiçar esse saber, parte para lá do que julgas conhecer e escreve a sangue, a recheio de carne, nesse sabor insano do que te desenha ninguém. Cobre o ópio, alimenta-te do pó. Talvez na morte esse paladar se cumpra no esconderijo do surrealismo real, nessa preguiça castiça de boémia e falsidade azul. Essa sim que tanto te alimenta, algures entre o não ter nascido e o não ter pelo que viver.
sábado, 30 de maio de 2009
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Pãosinho
Acabei de comer duas torradas que me souberam mal como tudo, o que só me fez lembrar que ontem pude sentir o característico cheiro a pão quente, acabado de fazer, como muitas vezes ocorria quando me instalava horas a fio nas ruas do Bairro Alto. Podia nem comer nada nessas noites mas só aquele odor valia por parte das horas de frio e extensão-flexão muscular constante.
Por outro lado, lembrei-me do famoso pão de domingo que mais parecia um búzio gigante.
Apeteceu-me torrar pão e resolvi experimentar a nova qualidade que a minha mãe trouxe da feira. Levo a mão ao saco para retirar uma bolinha, no típico totoloto alimentar, e sai-me esta maravilha com um pé gigante e uma disposição farinácia ainda mais interessante. Deixo aqui a prova artística:
Por outro lado, lembrei-me do famoso pão de domingo que mais parecia um búzio gigante.
Apeteceu-me torrar pão e resolvi experimentar a nova qualidade que a minha mãe trouxe da feira. Levo a mão ao saco para retirar uma bolinha, no típico totoloto alimentar, e sai-me esta maravilha com um pé gigante e uma disposição farinácia ainda mais interessante. Deixo aqui a prova artística:
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Derrame
Por entre barões bárbaros, furacões
De cálices erguidos na voz de fusões
Uma raiva picotada no ópio do segredo
Essa fonte incomensurada, essa raíz de medo
Sabe a pouco ouvir a escuridão lá fora,
Sabe a pouco esta voz que o povo ignora,
Essas palavras pintadas em melodias de mel,
Palavras cravadas dia a dia neste bordel
Sugando odores exteriores em estímulos de magia
Acordando horrores que se fixaram um dia
Entre portas e arados que desenharam o véu
Nessa tranca amargurada de que pintaram o céu
Trancados e apunhalados nesse quarto de heresias
Alimentados por cegueiras que mais parecem mentiras
Ninguém nos ensina porque não há nada para ensinar
Sobem no poder por o poder não saberem estruturar
E no meio de tanta palavra, os livros do pecado
Onde se grita direito por entre linhas do imaginado
Essa vontade que choca os mais sensíveis
Nessa raiva de monstros irascíveis
Somos filhos bastardos desse clamor social
Somos olhos incendiados desse furor descomunal
Choros sanguinários de espíritos abandonados
Revoluções astrais de limites desencontrados
Desenterramos vítimas, choramos história
Nessa chama de vento, nesse pico de glória
O ponto x do genocídio capitalista
O ponto x desse momento de fadista
E porque despista no meio da multidão
O sangue, a imagem, a coragem da união
Essa falta de activismo, de obstinação
Essa falha crucial do mundo novo da revolução
Guardamos o sofrimento na caixa da ventura
Esquecemos por momentos a nossa veia mais pura
Trazemos nos braços essa ira psicopata que esse véu abençoou
Esse mentor anónimo desse grupo para o qual nunca ninguém olhou
Enquanto me enveneno neste rancor
Leva o povo lápides do fruto do amor
Entre pulpitos e vontades, caminhos e desigualdades
Nesse brio que o mal ergueu, nessa revolta de oratória que o inferno ardeu
Receosos pelo mundo, receosos pelo ser
Nesse cheiro moribundo que nos fez falecer
As mentiras da paz, o estrondo da memória
Liberalismo que nada faz, democracia de que reza a história
Anarquias, fusões, direitas e onirismos
Rebelias, destruições, seitas e empirismos
As teias contínuas desses demónios corruptos
As veias indigenas desses seres abruptos
Imperialismos da vontade, terrorismos de fantasia
Fachadas da liberdade, sorrisos da ironia
Entre cálices de veneno erguidos pelos média
Que pintam impávidos as palavras dos mérdia
Igualando mentes pelo saber iluviso
Já que assim o dizem, nesse surrealismo depressivo
Quebrando labirintos, quebrando enigmas
Adormecendo instintos, matando estigmas
Deixemo-nos de parasatismos sociais
As odes do povo são os braços matinais
Neste inferno que alicia a dor
Nessa vontade da crise que tanto masturba o opressor
Nos orgasmos da pátria que prefere a imagem da frente
Nessa jornada pela tecnologia, nesse jogo eloquente
Flagelando carnes e sorrisos nessa voz de amor
Onde o mundo virou colmeia desse mel de terror
De cálices erguidos na voz de fusões
Uma raiva picotada no ópio do segredo
Essa fonte incomensurada, essa raíz de medo
Sabe a pouco ouvir a escuridão lá fora,
Sabe a pouco esta voz que o povo ignora,
Essas palavras pintadas em melodias de mel,
Palavras cravadas dia a dia neste bordel
Sugando odores exteriores em estímulos de magia
Acordando horrores que se fixaram um dia
Entre portas e arados que desenharam o véu
Nessa tranca amargurada de que pintaram o céu
Trancados e apunhalados nesse quarto de heresias
Alimentados por cegueiras que mais parecem mentiras
Ninguém nos ensina porque não há nada para ensinar
Sobem no poder por o poder não saberem estruturar
E no meio de tanta palavra, os livros do pecado
Onde se grita direito por entre linhas do imaginado
Essa vontade que choca os mais sensíveis
Nessa raiva de monstros irascíveis
Somos filhos bastardos desse clamor social
Somos olhos incendiados desse furor descomunal
Choros sanguinários de espíritos abandonados
Revoluções astrais de limites desencontrados
Desenterramos vítimas, choramos história
Nessa chama de vento, nesse pico de glória
O ponto x do genocídio capitalista
O ponto x desse momento de fadista
E porque despista no meio da multidão
O sangue, a imagem, a coragem da união
Essa falta de activismo, de obstinação
Essa falha crucial do mundo novo da revolução
Guardamos o sofrimento na caixa da ventura
Esquecemos por momentos a nossa veia mais pura
Trazemos nos braços essa ira psicopata que esse véu abençoou
Esse mentor anónimo desse grupo para o qual nunca ninguém olhou
Enquanto me enveneno neste rancor
Leva o povo lápides do fruto do amor
Entre pulpitos e vontades, caminhos e desigualdades
Nesse brio que o mal ergueu, nessa revolta de oratória que o inferno ardeu
Receosos pelo mundo, receosos pelo ser
Nesse cheiro moribundo que nos fez falecer
As mentiras da paz, o estrondo da memória
Liberalismo que nada faz, democracia de que reza a história
Anarquias, fusões, direitas e onirismos
Rebelias, destruições, seitas e empirismos
As teias contínuas desses demónios corruptos
As veias indigenas desses seres abruptos
Imperialismos da vontade, terrorismos de fantasia
Fachadas da liberdade, sorrisos da ironia
Entre cálices de veneno erguidos pelos média
Que pintam impávidos as palavras dos mérdia
Igualando mentes pelo saber iluviso
Já que assim o dizem, nesse surrealismo depressivo
Quebrando labirintos, quebrando enigmas
Adormecendo instintos, matando estigmas
Deixemo-nos de parasatismos sociais
As odes do povo são os braços matinais
Neste inferno que alicia a dor
Nessa vontade da crise que tanto masturba o opressor
Nos orgasmos da pátria que prefere a imagem da frente
Nessa jornada pela tecnologia, nesse jogo eloquente
Flagelando carnes e sorrisos nessa voz de amor
Onde o mundo virou colmeia desse mel de terror
quarta-feira, 6 de maio de 2009
É difícil acordar de manhã e sentir que o sol não brilha mesmo olhando pela janela e vendo as ruas cheias de cor e as pessoas felizes por estar tempo de nudismo, tempo de libertação de poros e de pintura agreste. É difícil olhar pela fechadura da minha porta e perceber que as sombras transparentes gritam silêncios e furam vidas (incluso suas). É difícil ver toda a ironia da ilusão humana e dos sorrisos dementes que se vão esboçando no tempo. É triste. Mais do que difícil, triste. As pessoas choram nesses sorrisos. A inconsciência suga-lhes cores sem que se apercebam e os seus gestos limitados de ser humano manipulam nadas. O vácuo predomina e a eternidade evoca o caos.
.
Onde a saudade se instala e as palavras desaparecem, sufocadas pelo que não se sente e pelo que deturpa razões e harmonias, o culminar de todas as sensações é o choro de melodias que não se explicam. No peito, estacas cravadas com sangue desfalecido.. Nos olhos, lágrimas que não saram... Nos dedos, sujidade alheia que chega pela dança do tempo que sorridente nos embala em canções de pecado... Nas veias, memórias entrelaçadas em quadros deixados em branco onde o furor de um passado se derreteu outrora, se esqueceu por medo, cume da desgraça... No todo, um nada... Perfeito, insensato e harmonioso... Perfeito... Lá fora estão as mulheres vestidas de negro e no topo daquele monte, onde não existe profecia, ela senta-se sozinha e contempla a vida com os seus pés... Diz adeus à morte e morre assim até viver...
Rainha de um Leito
Uma safira alaranjada
Cor de pele e muitas cores
Entre sombras, apagada
Sorrindo máscaras e furores
Um tumulto, longe farda
Uma obrigação, um querer
Dois em um na livre estrada
Desta sina nossa que é viver
Olhas-me de cima e no tempo do saber
Por entre chagas, lutador,
Prendes-me às cortinas, vês-me falecer
Boémio de morte, mal-feitor
Entregas-te ao todo da alegoria
E dizes em voz alta que a Natureza trouxe a luz
E tu és origem Santa de tamanha magia
Um corpo eterno que teu olhar seduz
No nono leito barafustei
No décimo sorria com medo
Até às sete badaladas fui ninguém
E tu fonte de letal segredo
Leva-me contigo na eternidade
Seja Amor ou poeira de tempo
Leva, leva, fria deidade
Leva-me e vive, queixume livre do fingimento.
Cor de pele e muitas cores
Entre sombras, apagada
Sorrindo máscaras e furores
Um tumulto, longe farda
Uma obrigação, um querer
Dois em um na livre estrada
Desta sina nossa que é viver
Olhas-me de cima e no tempo do saber
Por entre chagas, lutador,
Prendes-me às cortinas, vês-me falecer
Boémio de morte, mal-feitor
Entregas-te ao todo da alegoria
E dizes em voz alta que a Natureza trouxe a luz
E tu és origem Santa de tamanha magia
Um corpo eterno que teu olhar seduz
No nono leito barafustei
No décimo sorria com medo
Até às sete badaladas fui ninguém
E tu fonte de letal segredo
Leva-me contigo na eternidade
Seja Amor ou poeira de tempo
Leva, leva, fria deidade
Leva-me e vive, queixume livre do fingimento.
Três pontinhos...
Contam-me histórias da vida de quem não a tem e pedem às cordas de um instrumental silêncioso que se curvem nos trastos que já não sopram. Deambulam pelas selvas do desassossego e o pecado da Razão fala mais alto. Quando abrem os olhos, não os têm e quando os fecham desaparecem por completo. São brumas no passado que se arrasta no tempo e quando acreditam, voltam sob o efeito de madrugada. No fundo, nada existe. Este jogo sou eu. És tu. Nós nestas fragas que se esculpem num roxo distraído. Voluptuosas e sangrentas entre essas ironias de espelhos quebrados. As teclas do piano soltam-se com sussurros e segredos. O vulto do passado vive em nós. Somos assim.
[...Talvez...]
[...Talvez...]
terça-feira, 5 de maio de 2009
pontinhos
Uma Noite de Lua rasgada ao meio. Uma Noite de estrelas recolhidas a um canto, lançando as mensagens nos desenhos que tudo dizem. Uma Noite sem rumo, predefinida pelo incomum. Uma Noite...
A escuridão era cortada pelos antigos candeeiros da cidade. Num cubículo, mulheres mal feitas, de juízos desprotegidos, entregues ao mundo cristalino da ilusão. Noutro, homens pecadores de sangue frio. No desrespeito no olhar. Melodias ferozes no silêncio do lá e acolá. Ruídos desconhecidos.
Um canto perdido. Perdido algures. Destroçado, mal apanhado. Faz talvez lembrar um canto de sodomia infantil. Um verso sem ponto, uma linha em nada.
Aí, dois seres. Um perdido na arte, o outro no banal, no comum. Um perdido na revolta, outro na inocência do desconhecimento. Um, chorando, outro, ingénuo, sorrindo nas palavras. Um Amando, outro morrendo. Um morrendo, outro amando.
Gritos sinceros de cada um deles com aspiração à união e à existência. Com aspiração à ode pessoal e à ode colectiva. As brincadeiras das palavras, dos jogos de espaço e do tempo que não existe... Um passo em vão ou uma facada... O desatino do fazer e do não fazer.
Chegada à praia. O mar. O vento a soprar sobre as ondas e a gritar que os fanatismos da humanidade na modéstia que não existe e no sentir que é pecado são abolidos pela desonra de ser infiel à verdade, à realidade, ao todo, ao pensamento.
Caminhadas algures onde havia pegadas. Seguindo passos do antigamente. Unindo o tempo e sendo perfeito. Ao longe, os anos-luz pintados sobre Regulus ou Skat e laborando a piada da veia do inconsciente, sempre viva, sempre real...
Um grito, uma faca. Um berro de pavor e um escárnio de prazer carnal sempre entre a parede e o tempo. O espaço e as horas. O Eu e o Vós. A desgraça e o furor. O prazer natural transformado em ódio e em euforia. A vontade de ser feroz e superior aniquilada pelo ódio e todo o desalento.
Dizem que as pessoas são feitas de ar e que a luz provem da matéria que se compõe em spicatos de genes e substâncias epopeicas. Dizem que a brisa carbónica e hidrogénica se completa com astros que nos caem nos corpos e nos formam as células.
Eu pinto a eternidade do nada. Esse pelo menos é eterno e é meu. Não, não sou egoísta. Todos temos os nossos. Mas este é particularmente um todo só meu. O beijo da lealdade cortou-me a vontade de seguir rumos concretos. Apetece-me esculpir sentires e deixar-me ir. Talvez um dia tudo mude e até o nada seja eu...
A escuridão era cortada pelos antigos candeeiros da cidade. Num cubículo, mulheres mal feitas, de juízos desprotegidos, entregues ao mundo cristalino da ilusão. Noutro, homens pecadores de sangue frio. No desrespeito no olhar. Melodias ferozes no silêncio do lá e acolá. Ruídos desconhecidos.
Um canto perdido. Perdido algures. Destroçado, mal apanhado. Faz talvez lembrar um canto de sodomia infantil. Um verso sem ponto, uma linha em nada.
Aí, dois seres. Um perdido na arte, o outro no banal, no comum. Um perdido na revolta, outro na inocência do desconhecimento. Um, chorando, outro, ingénuo, sorrindo nas palavras. Um Amando, outro morrendo. Um morrendo, outro amando.
Gritos sinceros de cada um deles com aspiração à união e à existência. Com aspiração à ode pessoal e à ode colectiva. As brincadeiras das palavras, dos jogos de espaço e do tempo que não existe... Um passo em vão ou uma facada... O desatino do fazer e do não fazer.
Chegada à praia. O mar. O vento a soprar sobre as ondas e a gritar que os fanatismos da humanidade na modéstia que não existe e no sentir que é pecado são abolidos pela desonra de ser infiel à verdade, à realidade, ao todo, ao pensamento.
Caminhadas algures onde havia pegadas. Seguindo passos do antigamente. Unindo o tempo e sendo perfeito. Ao longe, os anos-luz pintados sobre Regulus ou Skat e laborando a piada da veia do inconsciente, sempre viva, sempre real...
Um grito, uma faca. Um berro de pavor e um escárnio de prazer carnal sempre entre a parede e o tempo. O espaço e as horas. O Eu e o Vós. A desgraça e o furor. O prazer natural transformado em ódio e em euforia. A vontade de ser feroz e superior aniquilada pelo ódio e todo o desalento.
Dizem que as pessoas são feitas de ar e que a luz provem da matéria que se compõe em spicatos de genes e substâncias epopeicas. Dizem que a brisa carbónica e hidrogénica se completa com astros que nos caem nos corpos e nos formam as células.
Eu pinto a eternidade do nada. Esse pelo menos é eterno e é meu. Não, não sou egoísta. Todos temos os nossos. Mas este é particularmente um todo só meu. O beijo da lealdade cortou-me a vontade de seguir rumos concretos. Apetece-me esculpir sentires e deixar-me ir. Talvez um dia tudo mude e até o nada seja eu...
'E eu não tenho olhos,
'Blind with no heart,
'Das Herz ist eine Sünde,
'Vous êtes un rêve,
'Non ho orecchi,
'Trazes-me a sorte,
'Et une coeur déshabillé,
'I have my feet on my head,
'Mein aufgewickeltes Herz,
'Senza qualsiasi luce,
'Und die Augen im Darm,
'A Natureza quadrada,
'Le doigt sur la fleur,
'And the work went well,
'Mein Kopf hat keine Farbe,
'E siete inferno,
'O luto de mim,
'Blind with no heart,
'Das Herz ist eine Sünde,
'Vous êtes un rêve,
'Non ho orecchi,
'Trazes-me a sorte,
'Et une coeur déshabillé,
'I have my feet on my head,
'Mein aufgewickeltes Herz,
'Senza qualsiasi luce,
'Und die Augen im Darm,
'A Natureza quadrada,
'Le doigt sur la fleur,
'And the work went well,
'Mein Kopf hat keine Farbe,
'E siete inferno,
'O luto de mim,
Se eu pudesse voar...
...Colocava-me no parapeito do terraço do meu prédio. Olhava o chão lá do alto e avaliava o que o rodeava. Olhava o céu e sentiria o astro que reinasse naquele momento. Ao longe sentiria o sorriso do outro que se escondia e das meninas que se deixavam tocar, bem lá no cimo... Cintilando, cintilando.
Punha as mãos no parapeito e atirava-me. Deixava-me cair sempre no mesmo modo com que tinha calhado atirar-me. Sentia o vento no rosto e o barulho ao fundo a ser cortado pela velocidade da queda. Deixava-me ir até ao último segundo e erguia-me, voando sem limites até ao mais alto dos lugares. Lá, veria tudo e entoar-me-ia por completo para todos poderem sonhar. Cantava-vos com as melodias dos astros e nas rotas das cores sorria, embalado pelo ar...
Regressava e passaria as 24 horas do dia em que assim estivesse em voos pelo mundo. Agarraria na mão de quem comigo voar quisesse e não pararia nem um segundo.
No final, deitar-me-ia numa nuvem. Daquelas nuvens cheias de trovoadas escondidas e de chuvas que nos vêm acariciar e ficaria assim... assim... assim...
Punha as mãos no parapeito e atirava-me. Deixava-me cair sempre no mesmo modo com que tinha calhado atirar-me. Sentia o vento no rosto e o barulho ao fundo a ser cortado pela velocidade da queda. Deixava-me ir até ao último segundo e erguia-me, voando sem limites até ao mais alto dos lugares. Lá, veria tudo e entoar-me-ia por completo para todos poderem sonhar. Cantava-vos com as melodias dos astros e nas rotas das cores sorria, embalado pelo ar...
Regressava e passaria as 24 horas do dia em que assim estivesse em voos pelo mundo. Agarraria na mão de quem comigo voar quisesse e não pararia nem um segundo.
No final, deitar-me-ia numa nuvem. Daquelas nuvens cheias de trovoadas escondidas e de chuvas que nos vêm acariciar e ficaria assim... assim... assim...
Horas que me esfriam a mente...
Com as horas que me esfriam a mente,
Os sussurros do passado aliciam-se à dor
Palavras minhas, em letais fingimentos
Do torno eterno do gelo e do Amor
Frio na era que erra em harmonias
De voz constante, a luz, a cor
Nas baladas da Noite das reais fantasias
A foice de tempos, o enorme louvor
Nas recordações do que sei que viverei
Neste passado que em hora futuro foi
Saberei cortes, castelos e suspiros
Do saber ameno do sol que se põe
Com tanta estrela, tanto brilho
Na hora confusa de complexo sabor
Uma honra de fogo, um esboço de perigo
Uma náu à deriva, um testemunho, fervor
E em sonhos que tenho e desconheço
Em cada palavra que dito e erro
Sei com tanta imagem que em infernos padeço
Por às palavras falhar e não saborear seu clamor...
Os sussurros do passado aliciam-se à dor
Palavras minhas, em letais fingimentos
Do torno eterno do gelo e do Amor
Frio na era que erra em harmonias
De voz constante, a luz, a cor
Nas baladas da Noite das reais fantasias
A foice de tempos, o enorme louvor
Nas recordações do que sei que viverei
Neste passado que em hora futuro foi
Saberei cortes, castelos e suspiros
Do saber ameno do sol que se põe
Com tanta estrela, tanto brilho
Na hora confusa de complexo sabor
Uma honra de fogo, um esboço de perigo
Uma náu à deriva, um testemunho, fervor
E em sonhos que tenho e desconheço
Em cada palavra que dito e erro
Sei com tanta imagem que em infernos padeço
Por às palavras falhar e não saborear seu clamor...
...The Pit and The Pendulum...
Impia tortorum longos hic turba furores.
Sanguinis innocui, non satiata, aluit.
Sospite nunc patria, fracto nunc funeris antro,
Mors ubi dira fuit vita solusque patent.
Edgar Allan Poe
Em memória de...
Por vezes tudo parece cinzento, tudo parece sem fim... Cobrem-nos de esperanças e um dia as coisas acabam... Mesmo sabendo que essa é a maior probabilidade, é essa a última coisa em que pensamos e, enquanto tal, a última coisa para a qual nos preparamos...
A dor da despedida é eterna, sempre assim comigo foi e hoje, passadas semanas várias de uma despedida sem adeus, sinto ainda o vazio de quem nos deixou porque preenchia mais do que provavelmente se fazia crer... As implicações de um sistema como o nosso, cheio de buracos e cheio de incompetentes que não os tapam, custam vidas, custam sensos e louvores a nada... Hoje o preço é a saudade, a raiva e a dor... Amanhã será a naturalidade preta de quem fica vazio... Na hora, foi o saco disforme do alívio pelo fim do sofrimento e da revolta pela luta que tanto levou e, ainda assim, face ao surgimento de um pequenino pormenor, tudo colapsou... A triste realidade nem é tanto a partida nem é tanto a lágrima da saudade. A triste realidade é o motivo de tudo e o facto de no fim nem sequer importar... As pessoas não aprendem com os seus erros. São ignorantes e verdes ao ponto de não saber o que isso é ou sequer o que é uma aprendizagem, o que é crescer. Vivem no medo e no típico 'who cares' e o dia de amanhã é apenas réplica de um sucesso sucessivo de sucessos que sucedem sem cessar... Dizia a história, afinal somos todos pequeninos e barbaramente ridículos... In fact, 'we're just people, we're just people, we're just people...'…
Por outro lado, um dia contaram-me que a vida terminava para uns e para todos e que o tempo, porém, não era limitado e a incerteza nada mais era que uma falésia presa à eternidade. Um esboço de complexidade que se recheia no próprio emergir do tempo e da saudade, sentida a partir do primeiro momento em que tudo muda na realidade que nos acompanha, que é nossa, por nós, em nós.
Sentidos esses que me ultrapassam com fragmentos de nada, inspirações absolutas e surreais. Um paralelismo universal sem forro, totalmente despido, enclausurado...
Porém, acredito eu que tudo o mais traz verdade. Desconhecida por nós mas parte de muitos outros. Traz, sim. Traz muito mais.
Talvez um dia também encontremos esse outro mundo, essa outra realidade... Até lá... A formosura de não estar só, no cuidado do fado de nós para os outros...
Um forte bem haja ao sangue que se foi, um grande abraço a quem hoje uivará também...
A dor da despedida é eterna, sempre assim comigo foi e hoje, passadas semanas várias de uma despedida sem adeus, sinto ainda o vazio de quem nos deixou porque preenchia mais do que provavelmente se fazia crer... As implicações de um sistema como o nosso, cheio de buracos e cheio de incompetentes que não os tapam, custam vidas, custam sensos e louvores a nada... Hoje o preço é a saudade, a raiva e a dor... Amanhã será a naturalidade preta de quem fica vazio... Na hora, foi o saco disforme do alívio pelo fim do sofrimento e da revolta pela luta que tanto levou e, ainda assim, face ao surgimento de um pequenino pormenor, tudo colapsou... A triste realidade nem é tanto a partida nem é tanto a lágrima da saudade. A triste realidade é o motivo de tudo e o facto de no fim nem sequer importar... As pessoas não aprendem com os seus erros. São ignorantes e verdes ao ponto de não saber o que isso é ou sequer o que é uma aprendizagem, o que é crescer. Vivem no medo e no típico 'who cares' e o dia de amanhã é apenas réplica de um sucesso sucessivo de sucessos que sucedem sem cessar... Dizia a história, afinal somos todos pequeninos e barbaramente ridículos... In fact, 'we're just people, we're just people, we're just people...'…
Por outro lado, um dia contaram-me que a vida terminava para uns e para todos e que o tempo, porém, não era limitado e a incerteza nada mais era que uma falésia presa à eternidade. Um esboço de complexidade que se recheia no próprio emergir do tempo e da saudade, sentida a partir do primeiro momento em que tudo muda na realidade que nos acompanha, que é nossa, por nós, em nós.
Sentidos esses que me ultrapassam com fragmentos de nada, inspirações absolutas e surreais. Um paralelismo universal sem forro, totalmente despido, enclausurado...
Porém, acredito eu que tudo o mais traz verdade. Desconhecida por nós mas parte de muitos outros. Traz, sim. Traz muito mais.
Talvez um dia também encontremos esse outro mundo, essa outra realidade... Até lá... A formosura de não estar só, no cuidado do fado de nós para os outros...
Um forte bem haja ao sangue que se foi, um grande abraço a quem hoje uivará também...
... 17 de Setembro de 2007
Dream Within A Dream
Take this kiss upon the brow!
And, in parting from you now,
Thus much let me avow-
You are not wrong, who deem
That my days have been a dream;
Yet if hope has flown away
In a night, or in a day,
In a vision, or in none,
Is it therefore the less gone?
All that we see or seem
Is but a dream within a dream.
I stand amid the roar
Of a surf-tormented shore,
And I hold within my hand
Grains of the golden sand-
How few! yet how they creep
Through my fingers to the deep,
While I weep- while I weep!
O God! can I not grasp
Them with a tighter clasp?
O God! can I not save
One from the pitiless wave?
Is all that we see or seem
But a dream within a dream?
Edgar Allan Poe (1827)
And, in parting from you now,
Thus much let me avow-
You are not wrong, who deem
That my days have been a dream;
Yet if hope has flown away
In a night, or in a day,
In a vision, or in none,
Is it therefore the less gone?
All that we see or seem
Is but a dream within a dream.
I stand amid the roar
Of a surf-tormented shore,
And I hold within my hand
Grains of the golden sand-
How few! yet how they creep
Through my fingers to the deep,
While I weep- while I weep!
O God! can I not grasp
Them with a tighter clasp?
O God! can I not save
One from the pitiless wave?
Is all that we see or seem
But a dream within a dream?
Edgar Allan Poe (1827)
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Coisas lá de trás - sagas
Uivo esta Noite com as brisas que não tenho
Nessas cores de saudade que não se evapora
Parece que em dia foi feita a hora
Dessa fantasia que é uma Vida.
E de cigarro ao peito com o furor da alma
A transparência da vontade jaz energia
Sem luz à Noite, quebrada vidraça
De torpedos em vós, tal melodia.
Sem cor até, a vida é longa
O fado da guitarra que não fica em si
Lago de fundos, que voz medonha
As claves que ficam de um do-re-mi...
___
Pedi ao tempo que parasse por um segundo.
Um segundo apenas para mudar o mundo
E saudar o que não existe
E o que partiu e ainda por cá está.
Pedi ao tempo uma saudade.
Uma dança pela liberdade.
Pedi, pedi e ele sorriu.
___
Lá fora está o senhor de muitas cores.
Está alto e bonito a cantar com a chuva e o sol. Eles dançam. Dançam e a Lua que se avizinha também entoa alguns sons de balada temporal.
Lá fora o senhor de muitas cores saiu para brincar.
Oh, mas ele vai-se embora. Desaparece entre as nuvens e diz que volta um dia para nos abraçar.
É bonito, sorrio, é bonito.
[E todos cantarolando o acompanharam à procura do pote de algodão...]
22.01.07
Nessas cores de saudade que não se evapora
Parece que em dia foi feita a hora
Dessa fantasia que é uma Vida.
E de cigarro ao peito com o furor da alma
A transparência da vontade jaz energia
Sem luz à Noite, quebrada vidraça
De torpedos em vós, tal melodia.
Sem cor até, a vida é longa
O fado da guitarra que não fica em si
Lago de fundos, que voz medonha
As claves que ficam de um do-re-mi...
___
Pedi ao tempo que parasse por um segundo.
Um segundo apenas para mudar o mundo
E saudar o que não existe
E o que partiu e ainda por cá está.
Pedi ao tempo uma saudade.
Uma dança pela liberdade.
Pedi, pedi e ele sorriu.
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Lá fora está o senhor de muitas cores.
Está alto e bonito a cantar com a chuva e o sol. Eles dançam. Dançam e a Lua que se avizinha também entoa alguns sons de balada temporal.
Lá fora o senhor de muitas cores saiu para brincar.
Oh, mas ele vai-se embora. Desaparece entre as nuvens e diz que volta um dia para nos abraçar.
É bonito, sorrio, é bonito.
[E todos cantarolando o acompanharam à procura do pote de algodão...]
22.01.07
Brisé e seus fundamentos
Sabe sempre a pouco a bebedeira que se apanha, sabe sempre a azedo a agonia doce que se entrelaça em cada ponta de cabelo que sai dos poros do inexistente. Nem mesmo no nosso mundo, livres do resto que nos rodeia. A eterna caixinha negra das paredes que não existem, dos conteúdos que não se asseguram. Parábolas. Entre pontos de exclamação e salpicos de lã, essas e só essas.
E é assim que tem de ser.
Sometimes there's a part of me that dies...
As estrelas lá fora caem de uma forma estranha esta Noite e os desabafos do tempo despem-se com cintilações surreais e a nostalgia da cor desaparece.
Longe do mundo, apetece-me fazer algo diferente. Realizar momentos estranhos e surpreender-me com nadas. Coisas de matéria alguma que possam ser cercadas de horrores.
[Salvo seja a verdade de querer o que nem sei o que é...]
Parece tormenta, mas é um sorriso porque esta Noite te vi num topo entre felicidade e nostalgia. Parece o que não é pelo que sinto.
Sabe bem ter-te perto e viver assim.
[Ao revés daqueles que, mesmo de sangue, chegam para me rasgar a pele!]
Porque me apeteceu...
Longe do mundo, apetece-me fazer algo diferente. Realizar momentos estranhos e surpreender-me com nadas. Coisas de matéria alguma que possam ser cercadas de horrores.
[Salvo seja a verdade de querer o que nem sei o que é...]
Parece tormenta, mas é um sorriso porque esta Noite te vi num topo entre felicidade e nostalgia. Parece o que não é pelo que sinto.
Sabe bem ter-te perto e viver assim.
[Ao revés daqueles que, mesmo de sangue, chegam para me rasgar a pele!]
Porque me apeteceu...
E... Oh, tão bem me lembro! Lá estava eu. Encostado sempre àquela árvore sempre despida (como tanto gosto ainda dela!) , apenas entregue ao calor dos verões que aí passava ou à geada dos invernos em que me aventurava na neve... Tudo parado... Um qualquer espaço, um qualquer tempo... Nada! E, de repente, lá vinhas tu. Sempre sorridente. Forte e sabida pelos anos que passavam e com a ternura no olhar encantado tão só teu... Eu levantava-me. Caía-me o chapéu. Desajeitado (como sempre fui), tentava limpar-me e entre o toc toc das coisinhas que caíam e o fff fff das minhas mãos a afastar as impurezas das minhas roupas, venciam as palavras: "Aqui tens para te entreter, pequenino!". Um abraço ficou gravado dessa última vez que te olhei. Entre chamas cientes do fim e lutadoras da continuidade, como de um único começo se tratasse. Sempre assim na minha memória e no meu coração. Leva-las todas cerradas na tua essência e aqui ficará somente um esboço do que me lembrei hoje e resolvi partilhar porque, afinal, somos eternos e certamente também tu, um dia, tais palavras irás ler [sendo que, sim, acredito que neste momento tenho composto sorriso porque sei que as tens já em teu ser].
...
Estamos velhos, sim. Velhos mas não de plástico. De plástico é o mundo. Cortado por contos que o pintam de branco quando o querem vestir de preto. Saudam as lacunas do que não existe e ferem-se no além-movimento. Nós, cúmplices de uma lacuna, muitas vezes escorregamos pelo que nos pintam também. Mas ouvindo suspiros da Noite (e porque uivamos e porque isso é o que nos permite não ser de plástico), erguemos os cálices e sepultamos a eternidade em nós...
Senhores das boas horas...
Os senhores das boas horas chegaram antes d'ontem à tarde quando saí e caminhei para um sítio desconhecido. Ía supostamente para a cama mas os ditos senhores chegaram para me acompanhar até ao meu próprio segredo.
Quando os olhei do lado de lá da estrada estavam pintados como se fossem um arco íris a preto e branco e quando voltei a olhar tinham gotas transparentes ao seu redor.
(É incrível como não disseram uma única palavra...)
Tentei fugir deles mas consegui tudo menos fazê-lo. Até que me rendi e adormeci onde nada fazia sentido...
Quando os olhei do lado de lá da estrada estavam pintados como se fossem um arco íris a preto e branco e quando voltei a olhar tinham gotas transparentes ao seu redor.
(É incrível como não disseram uma única palavra...)
Tentei fugir deles mas consegui tudo menos fazê-lo. Até que me rendi e adormeci onde nada fazia sentido...
Esses...
E quem são esses que falam e dizem e gritam e querem e fazem...? Quem são esses que não param e continuam a ir de encontro às muralhas sem temer partir o que à frente deles se atravessar? Quem são esses que não existem e mesmo assim se sentem?
Quem são...?
Quem são esses...?
Quem são...?
Quem são esses...?
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