quarta-feira, 25 de junho de 2008

Fugi disto, tapeçaria de prata,
Frágil e ignóbil de ombreiras derretidas
Esquecei que saboreastes tal veneno,
Febril remédio de odes partidas
Largai-nos nessa vossa cobiça,
Rabo sujo e cheio de mel,
Parti até onde a sanidade é castiça
Largai essa chama estroina de todo este bordel

Esquecei o pecado do silêncio
Nessa lacuna de voz de apreciação evasiva
Nesse jogo cínico de arguto e sofisma,
Esses cabrões de chacota, conluio e carisma,
Saboreando a paz da voz exaustiva
Onde a tortura é mestra fustigante
De cuspo e melodia atenuante
Onde jaz toda a morte de vida nunca antes sentida

E parti sim por onde não há vida
Relembrai que fogo de demos
Nesse lodo e lava desconhecida
É vinho e calamidade
Cálice de sangue que cheira a saudade
Por entre chagas de voz e delírio
Nesse monte em que outrora foramos lírio
Cantemos no fragor pela sórdida maravilha
Nessa partida de lágrimas e sangue esguarnecida
Por entre os berros de quem outrora fora sida,
Sovinice eterna de virotes e futilidades convencidas

Bastai-vos com a merda de quem nada tem
Nesse chupismo chusmo de filhos da puta
Que se armam em coisas várias de brio e bem
E que sois vós, pequena maravilha senão ninguém?
Que paredes pintais, que rua fuzilada de 'trava quem'?
Sabeis vós de abrigos sem rotina
Selvas de amido e galope divina
Leitos de vales sem aconchego
Trépidos e comensurados por entre sal e entre medo
Onde a humidade é bordeaux de olhos transparentes
E a cabrada de bestas, tão certinhas e inocentes,
Nessa euforia de desdémUm suor descontente de cabeças
Uma puta de vida que não lembra a ninguém...