quinta-feira, 1 de maio de 2008

Aos poucos e poucos
Invadiu-nos o corpo
O mundo cessou de girar
Os poros da pele congelaram
A respiração morreu
Corrói-nos a alma com o tempo
Nesse passo, curto e lento
Do que outrora se conheceu

Aos poucos e poucos
Fomos crescendo
Tínhamos o vento em harmonia
Um tal sentimento, essa voz da ironia
Despidos de razão
Do virús do descontentamento
Dessa cura infalível
Do despropósito da fantasia

Fomos durante anos-luz, instâncias raras,
Meros focos astrais
Lá, no leito do universo
Fomos uma chama unificada
Nessa sombra da glória
Fizemos história
Fomos algo, unimos dois em um,
Esquecemos a vida, fomos alguém

Hoje, o livro continua em branco
A transparência das páginas,
Uma melodia
Dançamos ao som do violino do inconsciente
Entre lamirés de sordina, revés de quem
Esquecemos que despimos dores e sorrimos pecados
Fomos nenhum, unimos algo [desalinhados]
Fomos vida, esquecemos ninguém

Hoje, fomos morrendo
Somente agora o pó e a fantasia
Turbilhão, veneno, horrendo
Parecemos voz do esmo vendo
Vestidos, agora, de razão
Desse virús do descontentamento
Dessa cura impossível
Do despropósito da fantasia

Somos feras, cálices de segredo
Cilex que se despe em fogo
Gárgulas que se derreteram entre medo
O passado, - Escrito em livros -
Ainda por acabar,
Nesses quadros de pintura rupestre
No vale agreste, por não te amar.