quarta-feira, 1 de abril de 2009

Um quadro ao fundo do céu

Um esboço de figuras quadradas,
Pinturas de céu em cores inexistentes,
Um ponto infinito no canto superior do jardim,
Aquele que ultrapassa qualquer limite do papel.

Uma sombra que parece a madrugada,
Uma bola lançada por uma criança que caiu.
Um sorriso apontado pela mãe que a mima,
Um grito de amor de alguém que já partiu.

Na saudade, um abraço de dois seres que não se conhecem.
Um rápido entrelaçar de sonhos e conhecimento da foz.
A foz que flui sem medo entre os dedos de cada um,
Numa lápide da vida que sopra por nós.

Uma página de lições contadas por um mestre a um discípulo
Caída no chão pelo desassossego da dor
Talvez a revolta de ter estado em perigo
Na encruzilhada da vida de um "eu" salvador.

Uma gravura no canto inferior esquerdo
Com duas mãos a tocar-se e dois olhos de amor.
Um perfil único pela união dos corpos.
A dança da vida, o ritmo predador.

Lá longe um corvo dado,
Ao canto, uma vontade, um refúgio, letal clamor
No cume tétrico a liberdade,
Neste branco de nada e de tudo em redor

13-01-07