quarta-feira, 1 de abril de 2009

Ali.

Lá fora caem as gotas da infância do tempo, ouvindo-se os rasgões do céu pelas asas que não cessam de dançar. Entre os quadros desenhados por D. Infanta e as melodias de gatos inquietos e cansados, o vinho continua em cima da mesa, desenhando a branco, por de trás, toda uma constelação de desejos cobiçados pelo não sentir. Nessas gulas de barões, as bolas de pêlo surgem como se de simples bolas de sabão se tratasse. Entre os quadros a negro e o bulor desinteressado nos cantos de cada dor, firma-se o estrondo do exterior sangrado, firma-se a voz, firma-se furor. Lá longe, talvez ao lado de cada grão do que se avizinha, uma mera brisa de luz. Entre si, salpicos negros de pequeníssimos voadores migrando por medo, necessidade ou simples loucura. Estre si, sim, um rasgão de espaço e de tempo. Entre si, nada, tudo, nada. No pincel, toda a vontade, toda a independência. No traço, toda essa fórmula letal de como poder viver...

14-12-08