sábado, 18 de abril de 2009

Em todas as ruas te encontro

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
Conheço tão bem o teu corpo
Sonhei tanto a tua figura
Que é de olhos fechados que eu ando
A limitar a tua altura
E bebo a água e sorvo o ar
Que te atravessou a cintura
Tanto, tão perto, tão real
Que o meu corpo se transfigura
E toca o seu próprio elemento
Num corpo que já não é seu
Num rio que desapareceu
Onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco

Mário Cesariny

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