quinta-feira, 2 de abril de 2009

Essas conveniências...

O suicídio tem mil e uma caras e as pessoas outras tantas, se não mais. A verdade é que quando se tenta atenuar uma situação de descontrolo ou necessidade, enfrentando impulsos imediatos e constantes, saboreando o triste sabor de quem sofre desalmadamente ou de quem perdeu a consciência dos actos (ou simplesmente das consequências), bem como de quem o faz por fé ou meramente por ter desestido, é preciso ter o cuidado de saber chegar à pessoa e percebê-la realmente. É preciso saber deixar as nossas crenças e as nossas noções do moral, ética ou espiritualmente correcto e tentar concentrar-nos só e apenas no perfil de quem se nos expõe.
É muito bonito acreditar que a vida quando finalizada (ou pelo menos interrompida) na morte provocada é um desperdício e um desafio ao mais coerente, ao mais sóbrio. Mas julgá-lo quando se trata de avaliação psicológica e igualmente humana é o primeiro erro para que metade dos casos, ainda que se possam adiar mais uns tempos, se aguentem verdadeiramente em paz. Tenho experiências - tristes e recheadas de erros da minha parte - que me levaram a conhecer bastante de certos perfis entres todos os casos que realmente existem ou até mesmo de outros sobre os quais nem registos existem sequer. E digo, sim, caso me pusesse a ter essa atitude, céus, nem um dia teriam vivido - para além de que, para mim, não há pior desrespeito do que esquecer e sequer compreender o que paira na mente, no todo, do outro. Defendo claramente que se deve perceber e com todo o esforço apoiar e tentar retirar o indivíduo desse sufoco ou simplesmente desse desejo, atirando cordas à pessoa em questão para que suba o mais rapidamente possível do buraco, buraquinho ou buracão. Mas não acho que se deva condenar ou sequer partir dessas noções quando em contacto com pessoas com estas tendências, independentemente dos motivos que a isso as levam. A morte é furor e a doença é malvadez. Um humano é essencialmente uma caixa negra e aberta sofrendo equações de saber, viver, perder e querer. Jogando-se com isso, joga-se com o fio exacto de uma via única. Se a morte for a solução, que se derreta com todo o cubismo, surrealismo ou romantismo do prazer. Tentar é um canone, conseguir é tão só um bónus, um conhecer.

8 comentários:

David disse...

o mal do suicídio é q p além de ser contra crenças é contra à sobrevivência. se nascessemos para morrer n valia sequer a pena chegar cá.

Corvi Umbra disse...

As crenças dependem do sujeito, da cultura, da experiência e da própria biologia. A morte é um dado adquirido desde que chegamos ao ventro da nossa mãe. Mas falo disto apenas na medida em que alguém possa precisar de algo para continuar o seu caminho ao invés de o terminar ali. E tão só foquei: que tenhamos de evitar a morte no sentido de proporcionar saúde, sem dúvida, que a tenhamos/devamos condenar... basicamente vê isto como uma limitação tanto para o teu como para o espaço de quem possa precisar de ti. Condenar é tirar liberdade e incutir ideais sem que se perceba qual a percepção de quem os possa vir a entender. Há que retirar o máximo a quem nos pede e dar o dobro desse máximo para garantir que tudo se estabiliza. Condenar é passar do dobro para mais de metade.

David disse...

continuo a achar q se tem de mostrar à pessoa q morte n.

Corvi Umbra disse...

agreed. resta saber como o fazes. métodos há muitos, resultados é que...

David disse...

mostro-lhe cm pode ser boa a vida la fora!

Corvi Umbra disse...

E alguém disse o contrário?

David disse...

n ms n criticar essa atitude de querer a morte é dar espaço a q possa ser considerada e o q queremos é afastar as pessoas desse lugar

Corvi Umbra disse...

Uma coisa não invalida a outra. Por um lado, se não criticas tens de saber contornar as arestas todas para a pessoa se sentir segura contigo e largar esse desejo de alcançar o outro lado. Por outro, se o criticas tens de saber abordar o resto sem a fazer sentir-se vítima ou um monstro pelo que pensou ou fez. O grande mal da maioria dos tratamentos é que são apenas injecções de formas ilusivas de encarar a vida. Não há fórmula, há cobardia de método. As pessoas acabam por sair do buraco mas arrastam-se porque não estão curadas, tomaram apenas alguns placebos. Mais cedo ou mais tarde voltarão a cair e a tendência será para que batam mais fundo. Tão só por isso, acho o método da compreensão bem mais eficaz porque não dá injecções da tua vontade mas antes trabalha os motivos da vontade do sujeito que está à tua frente.