sexta-feira, 24 de abril de 2009

Take my hand tonight

The raindrops, the tears keep falling
I see your face and it keeps me going
If I get lost your light's going to guide me

And I know that you can take me home
You can take me home
...
Take my hand tonight one last time
...

domingo, 19 de abril de 2009

Eternity

...





Porque é que o tempo
não pára?






Porque é que os segundos
não cessam de existir?








E as lágrimas... os sorrisos...
Porque é que existem?




sábado, 18 de abril de 2009

Quero mais momentos destes...

Passeatas pelas ruas de Lisboa...
Crianças a brincar às seis da manhã nas ruas de Lisboa.
Hoje, acordei de um pulo e quis logo vestir-me para ir brincar com a bicicleta como já há muito tempo não fazia.
Crianças a brincar às seis da manhã nas ruas de Lisboa.
Mal saí de casa, uma brasa de frio imenso queimou-me as mãos e fez as minhas pernas tilintar. Olhei para a minha menina e pensei "saudade desta sensação".
As crianças estavam ali a brincar com as corridas e a gritaria rouca da manhã, mas num entusiasmo fantástico que me deixou completamente deliciado. Inspirei-me na sua euforia e aqueci o coração e os pedais da bicicleta.
Aventurei-me por Lisboa e as crianças brincavam às seis da manhã nas suas ruas.
Era incrível! Todas elas pareciam ter acordado com a vitalidade que há muito não se fazia sentir em seus corações e, na saudade de a poder aproveitar, lançavam-se como vulcões pelas ruas, deixando-as quentes e deliciantes.
Eu ia-me movimentando pelas várias ruas. Olivais, Alvalade, Campo Grande, Telheiras.
Uma criança caiu. Estava a tentar imitar os grandes profissionais de Parkour. Um jovem aventureiro, será bom dizer. Tentou subir uma árvore e lá em cima tentou um salto e uma cambalhota. Quando aterrou, magoou-se. Será bom dizer também que eu o vi no salto e o pequenote conseguiu fazer tudo bem feito. O resultado final é que não foi famoso, mas certamente se orgulhará daquela lesão. Aventureiro era ele e vontade de conseguir também não faltava!
Continuei o meu percurso e dois meninos juntam-se a mim. Olham para mim enquanto pedalam ferozmente as suas bicicletas para me acompanhar e eu sorrio. Eles retribuem os sorrisos e esforçam-se ainda mais. Abrando e eles ultrapassam-me. Vão até ao topo daquela rua vazia e fria, onde só os pais estavam a ver.
Descida. Eu apanho balanço. Já sozinho, apanho balanço e subo depois o pico. Volto a descer, levanto-me e retento colocar os pés sobre o corpo da minha senhora. Não cheguei a tirar as mãos do volante (ainda é cedo, ainda é cedo!). Mas pus-me em pé!
Volto ao banco, aceno aos miúdos e vou-me embora. Na saída pensei que talvez eles quisessem imitar-me. Arrependi-me e voltei atrás. Passei por eles mais uma vez. Eu sabia que eles vinham ter comigo! Demos duas voltas e antes de me ir embora "Não façam travessuras. Ainda é cedo para tentarem pôr-se em cima da bicicleta. Treinem o equilíbrio em casa e um dia eu ensino-vos!". Qual não foi o meu espanto quando um dos pequenos muito espontaneamente esboça a interrogação de desespero, da união entre dor e alegria, dúvida e vontade: "prometes?". Sorri e disse "Prometo". Pisquei o olho e estiquei a mão aos dois para que ma apertassem. Pegaram nas suas bicicletas e foram. Eu ando um bocado, olho para trás e, claro, se esperava, estavam os dois, todos contentes a tentar o equilíbrio. Já com as bicicletas encostadas ao muro, junto aos pais, treinavam o equilíbrio e iam caindo para aprender. Sorriam e aqueciam também aquelas ruas (e aqueceram-me a mim) - Agora, às sete e picos da manhã.
De volta à estrada. Saio de Telheiras, caminho por Campo Grande, Entrecampos, visita a Campo Pequeno, Saldanha, El Corte Ingles. Ruas frias e vazias... Nem uma criança. Nem uma pessoa. Só carros, carros e carros! (ali só há pessoas para ir às compras. Não aquecem nada. Nem o próprio centro comercial... Ele é que aquece aqueles corações vazios. Não todos, alguns. A maioria...).
Arrepiado, pirei-me dali. Volto ao Campo Pequeno e passo pela faculdade. Incrível como já tenho saudades inclusive de escrever durante duas horas inteirinhas os ditos do Banha - grande homem! (palavra que não é graxa!) - e as divagações quilométricas do Caramelo!
Lá fui para Entrecampos novamente. A estação já estava mais agitada também. Pessoas a ir para os trabalhos. Crianças a deixar de aquecer as ruas para passar a aquecer as escolas. Ambulâncias mais vivas. Polícias parados a observar o nada e muito provavelmente a pensar no tempo da Maria Cachucha e dos feitos do Forrobodó... Os taxistas dentro dos seus taxis com frio. Alguns aventureiros a reclamar sobre a vida e sobre a falta de clientela para levar pelas ruas de Lisboa... "Continuo a preferir a minha Mikelina, confesso", penso.
Lá volto eu às ruas do Campo Grande e de Alvalade. Recordo os tempos que ali passei, como recordo sempre que lá vou, seja dia sim, dia não ou dia sim, dia sim. Volto pelo relógio e lá vou eu para os Olivais. Ainda antes de entrar na rua de casa, vou pela rua abaixo para subir o Vale do Silêncio. Não havia grande movimento.
Já no Vale, corriam, pulavam, aqueciam e dormiam. Muitas pessoas. Gosto sempre de passar por lá porque há um senhor dorminhoco que gosta de me ver andar de bicicleta. Como não tem tempo, conta o meu e sorri quando faço records. Fiz duas, três subidas e como estava cansado, despedi-me do senhor. Atirei-lhe uma moeda enquanto lhe piscava o olho e o sorriso esboçado fez-me subir com a força de quem acabou de acordar rejuvenescido o que faltava.
Já na minha rua, nem sinal de crianças, nem sinal de adultos, nem sinal de nada. Completamente vazio. Que frio, que frio!
Fui à padaria buscar o pão das nove, voltei para casa, tomei um duche, comi uma maravilha quentinha e fui dormir.
[O tempo está pintado de cinzento, mas a vida não perdoa o sorriso de voltar...]
Vivido em:
29.12.06
»»Uma boa pérola de fim de ano! Talvez, a melhor... Talvez...««

El grande Dominic!

Em todas as ruas te encontro

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
Conheço tão bem o teu corpo
Sonhei tanto a tua figura
Que é de olhos fechados que eu ando
A limitar a tua altura
E bebo a água e sorvo o ar
Que te atravessou a cintura
Tanto, tão perto, tão real
Que o meu corpo se transfigura
E toca o seu próprio elemento
Num corpo que já não é seu
Num rio que desapareceu
Onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco

Mário Cesariny

Suvetar - Goddess Of The Spring

Suvetar hyvä emäntä (Suvetar, fine matron)
Nouse harja katsomahan (Arise to see the seeds)
Viitimä emännän vilja (Raise the matron's corn)
Kun ei tuskihin tulisi (So that we may be spared pain)

Manutar maan emänätä (Manutar, matron of the Earth)
Nostele oras okinen (Lift up the shoots from the ground)
Kannon karvanen ylennä (New shoots from the stumps)
Kun ei tuskihin tulisi (So that we may be spared pain)

Syöttele metisin syömin (Feed us with honey-hearts)
Juottele metisin juomin (Give us honey-drink)
Mesiheinin herkuttele (Delicious honey-grass)
Vihanalla mättähällä (On a blossoming knoll)

Siull on helkiät hopiat (You have shining silver)
Siull on kullat kuulusammat (You have glistening gold)

Nouse jo neitonen (Rise up, O maiden)
Mustana mullasta (Black from the soil)

Akka mantereen alanen (Underground crone)
Vanhin luonnon tyttäristä (Most ancient of Nature's daughters )
Pane turve tunkomahan (Make the peat shoot forth)
Maa väkevä väantämähän (And the ground turn over)

Akka mantereen alanen (Underground crone)
Vanhin luonnon tyttäristä (Most ancient of Nature's daughters)
Tuhansin neniä nosta (Lift up a thousand seedlings)
Varsin vaivani näöstä (To reward my efforts)

Sapo com cara de Ovo Kinder e cérebro de cápsula surpresa -P

By Mariana!

Às vezes dá-me...


... para isto...

terça-feira, 7 de abril de 2009

Essa outra realidade que tantos esquecem e muitos desconhecem

Escrevi isto noutras instâncias mas achei por bem retocar e colocar aqui também. Nunca é demais. Pertencente à área da sexualidade, tanto física como psicológica, é essencialmente uma área behaviorista cujo limite se implementa pelos barões da moralidade, seja ela crassa seja ela corrompida.

Dado dia passei pelo Bairro (aquele local de ruas altas e barulhos muitos, entre sujidades e odor às impurezas da alegria) e tive um tempo de conferência com um dos senhores que estavam na altura dedicados à associação de estudantes da FCSH. No meio de vários assuntos saiu a questão LGBT. Já havia ouvido falar que se pensava dar vida a essa temática na faculdade mas ainda não estava a par dos planos e, portanto, quis perceber. Tudo muito bonito e de louvar mas as inevitáveis falhas da ignorância sobre o tema levaram-me a escrever o que se segue. Talvez um dia, nesses planos futuros, lhes fosse/seja útil, senhores estudantes dedicados.

Na verdade, não será demais dizer que cada caso é um caso e que nenhum peca pela falta de valor que tem. Todos diferentes, assentam igualmente em toda uma necessidade de batalha a ser travada. Porém, talvez também desentendido na área, do pouco que vi há que salientar que a minoria T (esses labels of mind...) está muito mais na penumbra que as restantes minorias deste mesmo grupo. Antes de partir para a questão do que será verdadeiramente essa letra, é importante dizer qual a sua designação. Esse T tão pronto a cair nos debates sociais, tão esquecido e desconhecido, significa não transsexualidade, como me havia dito o rapaz da associação, mas sim transgenerismo. Achei, pois, por bem, depois de me ter dedicado à homossexualidade na altura, escrever agora sobre este tema, que sinceramente me preocupa mais ainda que o anterior.

Ora então, o que será esse palavrão? O que quererá isso dizer? Para ser simples e directo, transgenerismo é a ruptura dos papéis de género tradicionais (dos clássicos homem e mulher), que estão, claro, ligados à noção de sexo biológico, esperando-se a partir daqui que uma pessoa se comporte de determinada maneira, consoante cidade, família, hábitos e costumes em que tenha a sorte (ou o azar) de nascer/crescer/viver. Porém, o ser humano é muito mais que um rótulo, que uma definição, que um papel de género. Tudo isso, defendo eu, limita-o e ofende-o no ‘para lá do que se vê’. Há, de facto, toda uma necessidade, como se vê desde há anos, de misturar ambos os papéis, tentando equilibrar o nível social de ambos os géneros. Há uma necessidade de atenuar a guerra dos sexos. O transgenerismo é, porém, muito mais do que isso. É o termo atribuído a todas as pessoas cujo comportamento é diferente dessas medidas que se impingem desde a nascença a meninos e meninas. É, portanto, o que vai naturalmente contra a maré social.

Falar de transgenerismo torna-se complicado porque se entra na área do psíquico. Uma parte de nós que nos ultrapassa (sim, nós ultrapassamo-nos a nós mesmos). A área da identidade. Pegando num trabalho que uma senhorita uma vez me apresentou, imagine-se um gráfico em que um dos eixos é precisamente a linha da identidade. As extremidades equivalem ao ponto base do ser humano: de um lado o homem, do outro a mulher. Tudo o que compreende os restantes pontos desse eixo são os milhares infinitos de formas e apresentações possíveis de níveis de identidade. Todo um processo de masculinização e femininização o poderá explicar. Não somos todos iguais e, de todo, seremos pequeninos.

Ora, se efectivamente temos pontinhos e mais pontinhos de identidade, teremos também várias expressões de transgenerismo. E, mais, há inclusive transgenerismo laboral quando pessoas de sexos diferentes vestem o mesmo tipo de roupa, sendo que esta é uma divagação e não uma sub-categoria transgénera.

Antes de partilhar convosco os grupos de que tenho já conhecimento, será importante salientar que se pode dividir o transgenerismo em dois grupos: transgéneros que se baseiam na realidade tradicional homem-mulher e transgéneros que assumem que ‘homem’ e ‘mulher’ serão apenas e só mais dois dos vários milhares de géneros existentes. Uns assumem um papel de acordo com o esperado por um dos géneros na sociedade, outros assumem-se tal como são, por vezes, num jogo entre ambos os papéis.

Deixo frisado que cada caso é um caso, mas aqui ficam alguns dos casos que conheço (e peço desde já a quem ler que caso saiba de outros casos ou tenha uma qualquer objecção, não tenha quaisquer problemas em mas apontar, ficar-lhe-ia, pelo contrário, bem grato):

Cross-dresser: Pessoas que assumem os papeis sociais, como roupas e alguns comportamentos do sexo oposto. Não interfere na sua orientação sexual nem tão pouco no seu corpo. Assumem-se com o género com que nasceram biologicamente, mas a sua apresentação é toda ela oposta à norma social. É uma questão fetichista (e até erótica se quisermos) e, mais importante, não é de cariz sexual.

Drag king/queen: Será mais uma fantasia. Fantasia que poderá ser expressa a nível de trabalho, do espectáculo ou de um costume de máscara, por exemplo. Diz-se de Drag King uma mulher com roupa de homem e de Drag Queen, um homem que vista roupa de mulher. Também este caso não implica alterações corporais nem orientação sexual x, y ou z.

Transsexual: uma pessoa que sofre de uma disforia de género em que o físico e o psicológico são antagónicos. Neste caso poder-se-á passar ou não por um processo de readaptação corporal, sendo que a tendência é para que se passe. É uma disforia que invalida toda uma realidade e que sem uma readaptação será um sufoco. Relativamente à orientação sexual, também aqui esta será independente da identidade.

Travesti: Actualmente, para ser simples e directo, um travesti é um transexual que não passa pela tal readaptação corporal. Em tempos seria os ditos Drag kings/queens, mas hoje é a transexualidade que não passa pelo processo hormonal e cirúrgico. Também não implica uma qualquer orientação sexual.

Andrógino: Características de ambos os géneros, tanto física como psicologicamente, num único ser, não dando sequer para dizer a qual dos géneros pertencerá. Pode também ser uma disforia de género em que, por toda a implicância psicológica, também o comportamento terá os seus manifestos condicionados. A orientação sexual também aqui é independente.

Intersexual: É a pessoa que nasceu entre o sexo masculino e o feminino, tendo parcial ou completamente desenvolvidos ambos os órgãos sexuais ou um predominando sobre o outro, assim como poderá ter este duo sexual do género a nível interno. Temos, portanto, uma componente cromossomática e gonádica diferente que se reflectirá numa caracterização genital e pubertária diferente, assim como a nível psicológico terá eventuais consequências comportamentais claramente advindas da avaliação social de ambos os géneros. Há casos de igual evolução da genitália e casos de graus diferentes de evolução predominando um dos géneros. A nível de orientação, também poderá ser homo, hetero ou bissexual (e, claro, também assexual).

Hermafrodita: Componente avaliada exclusivamente a nível físico, portanto, científico, tratando-se da pessoa que nasce com dois órgãos sexuais de géneros opostos. É a origem do termo 'intersexual', diferenciando-se ambos por um ser mais amplo que outro. Este é muito mais restrito, não sendo sequer considerado uma forma de transgenerismo pela maioria. Nascendo com dois géneros, opta-se por um (normalmente os pais) e a criança é logo ali trabalhada. O problema é saber, em ambos os casos, se as coisas se ficam por aí e se mais tarde não haverá um choque comportamental na criança. Daí ter escrito 'trabalhada' e não 'readaptada'. Orientação sexual também ela independente.

Como se viu, em nenhum dos casos houve ligação directa entre transgenerismo e orientação sexual. Qual será então a diferença entre homossexuais, bissexuais e transgéneros?

Como disse quando falei da homossexualidade, os homossexuais femininos e masculinos são pessoas que sentem atracção emocional e sexual por pessoas do mesmo sexo e os bissexuais são pessoas que poderão sentir atracção emocional e sexual tanto por alguém do sexo masculino como por alguém do sexo feminino. Já os transgéneros são, como disse, pessoas que rompem com a norma social. Nisto a grande diferença prende-se com orientação sexual e identidade de género. Perguntar-me-ão, poderá um transgénero ser gay ou bi ou se uma gay ou bi poderá ser transgénero. Certamente, assim como um heterossexual poderá ser transgénero e vice-versa. São coisas verdadeiramente diferentes e independentes.

Fala-se igualmente em modas e em doutrinas quebradas mas a verdade é que a evolução é constante e a etologia explica-a sem paradoxos, sem barreiras. Desde sempre que entidades várias da existência orgânica revelam estes padrões corporais e afectivos. Animais que se auto-reproduzem, que se auto-transfiguram para conseguir a cópula com as suas desejadas presas do amor, animais que sugam a homogeneidade do género, animais que reflectem exactamente esas questões. São essas sombras do tempo que nos indicam o como, adaptativamente, num fenómeno evolutivo constante, tudo o que hoje temos, na complexidade da nossa espécie, pode ser facilmente explicado sem no entanto recorrer aos cânones da ciência.

Por outro lado, as várias personagens humanas da histórias, heróicas ou não, de civilizaões desaparecidas ou ainda presentes, igualmente nos indicam que todo este «drama» não é de agora e toda esta luta de conveniência pela sádica convenção ideológica desse brado que é o Homem não é mais do que um sucesso sucessivo de tentativas abafadas pelo fachismo do género, pela cobardia racional.

As portas abriram-se ao longos dos tempos e os horizontes, nestas e noutras áreas, igualmente se alargaram. Hoje, temos ópio nas mãos e celas por todo o lado. O conhecimento alastrou e a continuidade do tradicionalismo devora-o. Num nihilismo quebramos quem somos e tão só nesse momento esquecemos que alguém pode já ter morrido ainda antes de ter começado a viver. Transgenerismo é exactamente isso. Legal ou não, aceite ou não, trabalhado ou não, facilmente pode passar de um cordão liberal, do poder da vontade, a um jogo de celas pela prisão do próprio corpo nesse labirinto que é esse ferrete, jogo indelével, do vínculo sexual.

José González - Hearbeats

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Jeux d'enfants

Opções de mensagens
Etiquetas para esta mensagem:
por exemplo, motas, férias, Outono

C'était mieux que tout. Mieux que la drogue, mieux que l'héro, mieux que la dope, coke, crack, fix, joint, shit, shoot, snif, péte, ganja, marie-jeanne, cannabis, beuh, peyotl, bayonne, buvard, acide, LSD, ecstasy... Mieux que le sexe, mieux que la fellation, soixante-neuf, partouze, masturbation, tantrisme, kama-sutra, brouette thaïlandaise. Mieux que le Nutella au beurre de cacahuète et le milk-shake banane! Mieux que les trilogies de George Lucas, l'intégrale des Muppet Show, la fin de 2001. Mieux que le déhanché d' Emma, Peel, Marilyn, la Schtroumpfette, Lara Croft, Naomi Campbell et le grain de beauté de Cindy Crawford. Mieux que la face B d'Abbey Road, les solos d'Hendrix, le petit pas d'Armstrong sur la lune. Le Space Mountain, la ronde du père Noël, la fortune de Bill Gates, les transes du Dalai-Lama, les NDE, la réssurection de Lazare, toute les piquouzes de testostérone de Schwarzy, le collagène dans les lèvres de Pamela Anderson. Mieux que Wood-Stock et les rave parties les plus orgasmiques. Mieux que la défonce de Sade, Yann Rimbaud, Morrison et Castaneda. Mieux que la liberté, mieux que la vie.

domingo, 5 de abril de 2009

Escrito algures no tempo...

Olho para trás e neste momento tenho umas dez criaturas deitadas a meu lado. Não faço ideia quem seja quem e de onde é que isto tudo apareceu mas sei que as tenho cá. Longe, lembro-me de sair e me embrenhar numa cor escura de Noite, numa sombra sua, entre mulheres. Não sei onde fui parar, não sei o que fiz mas lembro-me de cada pormenor das cores do que me deu. Sei o que senti. Sei-me parado lá atrás. Sei-me fugido.
Elas ficaram e fui ao encontro de alguém que me pareceu familiar. Um velho amigo, acho. Comprimentou-me com um sorriso que ficou mas o rosto... nada. Continuei por mais um pouco em conversa. O que dissemos, não sei, mas falámos e rimos e... soube bem.
Voltei atrás porque sabia-me a exagerar. Sabia que não fazia falta mas sabia-me a exagerar. Elas esperavam. Quando cheguei, dobro ou duas vezes tal era o número final da soma dos acáros ali metidos. Não conhecia ninguém. Não gostava de ninguém. Deixei-me no meu canto e alguém me raptou. Disto, só me lembro de abraçar uma cara conhecida e fugir para a rua mais escondida de todo aquele mato. Demasiada criatura em cada ponta mas o centro... a gravidade era nossa.
Lembro-me do que falámos e lembro-me de aquecer com todo aquele sorriso. Fez-me recordar muitos de que ainda sinto falta. Fez-me pensar que o tempo não pára e que a maior razão de amar é a de esquecer, aprendendo, cravando, morrendo, matando imagens, arquivando tudo no mais vácuo de nós.
A caixa escura desapareceu e voltei para dentro. Nesta altura, pela primeira vez, olhei para o palco. Outra cara conhecida. Uma troca de palavras e ele a dançar. Fugi. Senti-me cada vez mais longe. Não sei. Fugi...
Minutos depois, duas senhoritas no palco. Dança, sedução, berros, nojo. Duas mulheres com charme que aquece e que hipnotiza e um público imenso que em segundos consegue quebrar todo o ritmo desse jogo, dessa tentação. Abanei a cabeça, encolhi os ombros e fugi. Porém, rapidamente me apanharam e puseram-se a dançar comigo. Vi-me envolvido provavelmente por seis pessoas cujas caras nem conseguia definir. Agarraram-me o corpo, agarram-me a roupa, tiraram-me o casaco. Senti respirações por todo o lado e abanões na diagonal. Por detrás, agarraram-me o core e senti-me estático, entrelaçado em corpos que não fazia ideia de quem eram. Agarrei em cada uma...sem olhar sequer... afastei-as e fugi.
Sentei-me à porta daquele sítio para o qual não me lembro sequer como se vai ou o que era e debrucei-me no átrio a pensar no que ainda me restava na memória. Uma das senhoras poderosas saiu. A do palco, a dos gritos. Tocou-me nas costas e perguntou-me, numa maré de palavras castelhanas, o que se passava e porque estava ali. Sorri-lhe e ela deu-me um beijo. Por segundos, revi a cara do meu pai, por segundos lembrei-me do quanto me enoja e no quanto me faz falta. Olhei-a nos olhos e ela sorriu. Deu-me a mão e acho que aí a minha noite morreu. Acordo agora nesta saca de berlindes de vidro e o meu partiu.

sábado, 4 de abril de 2009



PEIDO SEXUAL!


Não gosto do Obama, não gosto do Ratzinger, não gosto das minhas terras e odeio os meus semelhantes!!

>>> Até do Hitler consigo gostar mais! <<<
O que é que me interessa se a Gisele Bündchen e Tom Brady já estão na Costa Rica para se casar tratando-se isto da sua vida privada? O que me interessa se a Coreia do Norte não lançou o veículo espacial esta madrugada tratando-se isto de uma ofensa à ONU que mais nenhum cabrão tem olhos na fuça para o ver? O que me interessa se os talibans do Paquistão reivindicam ataques a centros cívicos ou becos sociais se nada se faz de jeito para os evitar? O que me interessa a casa da Música, Serralves ou simplesmente a F1? O que me interessa os records ou a estupidez política? O que me interessa o músculo exarcebado de um bicho qualquer que não faz mais nada da vida? O que me interessa a crise de um país cujo teor é tão só ignorância? O que me interessa a fome, a sede, o medo, o rapto, a morte, a violação, o sufoco, a histeria? De que importa o sexo? Deque importa a homossexualidade ou a religião? De que me importa que o transsexual vira pratos engravidou querendo assumir-se homem? De que me importa sequer a mutilação? De que me importa saber que um cometa esteve a passos de danificar a terra porque ninguém deu por ele se aproximar? De que me importa saborear a vida se mais ninguém a sente, se mais ninguém a quer cheirar? De quê...? De que importa tudo isto?

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Anathema - J'ai fait une promesse

Suma:

É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela.
Nietzsche

Essas conveniências...

O suicídio tem mil e uma caras e as pessoas outras tantas, se não mais. A verdade é que quando se tenta atenuar uma situação de descontrolo ou necessidade, enfrentando impulsos imediatos e constantes, saboreando o triste sabor de quem sofre desalmadamente ou de quem perdeu a consciência dos actos (ou simplesmente das consequências), bem como de quem o faz por fé ou meramente por ter desestido, é preciso ter o cuidado de saber chegar à pessoa e percebê-la realmente. É preciso saber deixar as nossas crenças e as nossas noções do moral, ética ou espiritualmente correcto e tentar concentrar-nos só e apenas no perfil de quem se nos expõe.
É muito bonito acreditar que a vida quando finalizada (ou pelo menos interrompida) na morte provocada é um desperdício e um desafio ao mais coerente, ao mais sóbrio. Mas julgá-lo quando se trata de avaliação psicológica e igualmente humana é o primeiro erro para que metade dos casos, ainda que se possam adiar mais uns tempos, se aguentem verdadeiramente em paz. Tenho experiências - tristes e recheadas de erros da minha parte - que me levaram a conhecer bastante de certos perfis entres todos os casos que realmente existem ou até mesmo de outros sobre os quais nem registos existem sequer. E digo, sim, caso me pusesse a ter essa atitude, céus, nem um dia teriam vivido - para além de que, para mim, não há pior desrespeito do que esquecer e sequer compreender o que paira na mente, no todo, do outro. Defendo claramente que se deve perceber e com todo o esforço apoiar e tentar retirar o indivíduo desse sufoco ou simplesmente desse desejo, atirando cordas à pessoa em questão para que suba o mais rapidamente possível do buraco, buraquinho ou buracão. Mas não acho que se deva condenar ou sequer partir dessas noções quando em contacto com pessoas com estas tendências, independentemente dos motivos que a isso as levam. A morte é furor e a doença é malvadez. Um humano é essencialmente uma caixa negra e aberta sofrendo equações de saber, viver, perder e querer. Jogando-se com isso, joga-se com o fio exacto de uma via única. Se a morte for a solução, que se derreta com todo o cubismo, surrealismo ou romantismo do prazer. Tentar é um canone, conseguir é tão só um bónus, um conhecer.

De bom nome, Pessoa ditara:

Tenho em mim todos os sonhos do mundo!

Modas...

Eu como sou muito céptico nestas coisas, não consigo sequer imaginar quantos serão. Pensar em sondagens é sempre muito relativo. Há quem deturpe, há quem omita, há quem não esteja incluído, há quem se assuma em vão, há quem não se assuma de todo... Falo de sexualidades e destas, numa caixa completa de non-homosexualis, de non-bi-ades sequer, provavelmente teríamos uma taxa de quase 100% de heterossexuais assumidos quando se sabe que desses quase 100% muitos não o são por, não sendo homossexuais, serem bissexuais ou compreenderem outra qualquer sexualidade. Seja como for, são números que servem de exemplo muito embora não lhes atribua sequer valor. Porém, a julgar pelas necessidades e atitudes sociais, diria que talvez estivesse perto dos 10%/20% toda essa manchete de '-ades' pós-mo, e não mais que isso, ainda que talvez estas novas gerações possam perfeitamente vir a aumentá-lo. Em todo o caso, penso que são bastantes. Pelo menos os suficientes para poder ter voz lá fora e garantir que a homossexualidade segue um padrão de sensações afectivo-sexuais mas que nada mais é que uma característica individual tal como qualquer outra sexualidade. Mas modas... Bom... A sociedade é tão só um reflexo da sua própria época e as coisas nada mais valem que aquilo que entretanto se condicionou nos seus cânones. Com a abertura cultural, estamos numa recuperação de ideais antigos (clássicos e anteriores a isso até) misturados com os fundos da própria evolução. Temo estas coisas porque normalmente a história repete-se dando pouco azo de quem evoluiu mas pode ser que não (dado já ser visível o avanço). Contudo, desejar a emancipação da homossexualidade (ou mesmo de qualquer outra 'ade' sexual) é tão só isso e não uma vontade de a proclamar um objectivo a cumprir ou uma tendência a denegri-la no seu carácter afectivo-sexual. Este aspecto sim é crítico e preocupante mas penso que pouco se possa fazer. Está instalado em qualquer situação ou sentimento e cumpre as novas regras sociais: as famosas curtes, as experiências crassas, as carnalidades obscuras e os momentos levianos só porque é giro ter e expor. Quando em relação, passa-se ao quadro das abébias abertas e das explorações constantes. Há quem disso goste, eu ainda sou tradicional neste aspecto (e, lamento, dificilmente deixarei de o ser). Penso que isso tira critério a cada um dos aspecto actuais mas é a chave do futuro, portanto que se trabalhe não no sentido de o cortar mas no sentido de o fundamentar. Impeça-se, sim, a destruição de trabalhos e concepções ou, mais até, essa moda sexual entretanto visível, esse voyerismo atípico do sexo e da identidade do ser, ao inves da proclamação do desespero pelo poder.
Há coisas que não entendo
Coisas tais que tão só não dá para entender
Neste frénésie, demência da alma,
Nesse efeito dópico de queimadura imensa,
Desde os cálices de desespero ao mais puro teor de fruição,
Por cada segredo narrado a medo
Entre chaves de sussurros e maldição.

O toque, o choro, o grito, o ópio
A droga, sim, o odor
Mel enferrujado, sangue fraco, suor a degredo
Chamas, música, lençois de veludo, ombreiras de credo
Olhos colados aos meus, corpo a transpirar meu enredo,
Diante de um sonho, algures num pico de sabor
Torpes unhas cravadas em meu corpo, letal uivo estridor.

Sabe a pouco, confesso, perder-me
Neste turbilhão de não saber de quem ou do quê,
Sabe a pouco, sim, tal padrão desfigurado
...Querer e não querer...
Alcançar o entrelaçar do tempo, essa troca de fôlegos
...Esse pecado...
Rasgar orgasmos de fadiga e de prazer.

Seguir a vida numa eternidade mórbida,
Entre notas musicais de vociferos, vulúptia, de peco ser.
Rasgar-te o corpo enquanto balanças nas cordas,
Esquecer-te completamente enquanto te ganho viver

Sugo-te a pele, impaludo-te o corpo,
Embalsamando-te essências desse erotismo venéreo,
Essa silhueta vampírica de carnalidade
De amor e morte, de brada lascividade
Entre fados de cortes de pura vaidade
Em venturas nefandas de puro saber

Rasgas-me o corpo, despes-me a alma
Cortas-me o fôlego, sugas-me o véu
Despes-me o cálice, derretes-me o topos
Sujas-me o lodo, desfiguras-me o ser
Num grito suturno de instâncias de corvo
Rasgo-te o sexo, apago-te o bordo
Mato-te no fogo e morro por te perder
.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

...

Olhava para o céu e via a imensidão da Noite numa névoa pintada de cores transparentes que voava sempre para o além do tempo. Atrás da saudade, saudavam as heresias da Vida. Atrás da escuridão submersa, uma cantiga de amigo sempre entregue ao vento. Atrás da cor da lágrima, um sorriso que se despia pela boa nova da Noite, escorrida desde manhã. Ao fundo, cantava a espécie. Cantava, cantava. Longe, um pintainho e por detrás um gato rasgado. Por causa da escuridão da Noite, um pintainho preto e um gato só com os olhos destacados. Consoante se aproximavam de mim (mesmo sem se mexer), pareciam mais escuros quando na verdade eram mais claros. Tu apontaste-lhes o dedo e deste-lhes cor. Eu abri as asas do teu coração e sorri-lhes com a escuridão do meu olhar. Quando voaste, eu aqueci e percebi que a Noite tem cor de Noite e a escuridão é para quem não a conhece.

01.01.07

Luzes Encantadas

Doze badaladas e um cheirinho fresco da madrugada nocturna. Lá fora passeavam pássaros e cantavam pessoas em tons de segredo para não incomodar os vizinhos. As luzes baixinhas e os candeeiros da rua dançando ferozmente indecisos entre estar ou não estar de acordo com o que a sociedade lhes exige. Por detrás de uma poeira inconstante, uma bola de pêlo arranhada e perdida. Um senhor felino de bigodes cortados, em cima de um caixote que entretanto cai e faz barulho despertando o latir dos cães e as reclamações de uma mão cheia de humanos cuja palavra não mais é que a reclamação ignorante, sob efeito do cálice do nervosismo e do inconsciente da falta de saber...
Levanto-me e arranjo-me. Saio porque estou farto de estar em casa. Não me apetecia dormir nem estar acordado. Não me apetece sequer ficar sentado no sofá ou no lado de lá do mundo com uma máquina que só serve para chatear. Não me apetece. Saio.
Desço as escadas e o barulho das botas deve incomodar os outros, mas eu ignoro. Desço as escadas. Passado 2 minutos lá estou eu na rua, sozinho na companhia de sombras e de brincadeiras de gatos e de passaritos.
Caminho estrada a baixo automaticamente e ao longe uma luz estranha parece querer uivar cores diferentes com as novidades da Noite. Com as novidades de encantar. Guiado pelo seu clarão, danço pelas ruas enquanto os sons do vento me ameaçam os ouvidos. Vou andando, andando, andando e vou dar ao rio de Lisboa e às instalações populares, longe, porém, do sítio estranho onde o popular é ainda mais popular. Estou sozinho e sem a barulheira comum. Estou longe do vento até. A luz continua lá ao fundo. Parece que para onde quer que vá ela se apresenta despida de medo e a querer algo que, no entanto, não quer dizer.
Apetecia-me lançar o meu corpo a uma lancha e ir em busca do horizonte que se perdia nessa luz. Voltei costas porém e a luz manteve-se à minha frente. Subi a rua e pensei que seria bom encurralá-la. Levei-a até um beco mas não tive êxito. Por mais que tocasse nos limites, ela ia para lá do que eu pretendia. Não se deixava tocar. Pensei então que seria bom ir para lá de mim também e deixei-me guiar pelo inconsciente, vadiando sem pensar na luz. Ao início bem que foi difícil pois os meus sentidos e a minha vontade não se desprendiam de mim, mas consegui. Pensei no mundo, em ti, no mundo, em ti, nos outros, no mundo, nos outros, no mundo, algures, pensei. Ti. Mundo. Outros. Nada. Tudo. Pensei. Pensei. Pensei. Por onde andei, não sei. Por onde fui, perdi-me. E a luz desapareceu. Andei, andei, andei e comecei a Noite com as estrelas a cair-me no corpo. Por cada uma, um sorriso. No final, a Lua despida e sorridente. Ao longe uma árvore pintada de negro pela claridade da Noite que só neste mundo existe. Aqui ao pé um papel no chão com um desenho indecifrável pelo tempo e pelo desprezo dos sapatos que o quiseram pisar...
Voltei para casa porque me cansei de ouvir os vizinhos reclamar. De ver os gatos cair dos caixotes e de sentir que o mundo pára a cada segundo que passa. Cansei-me e fui para casa. No caminho, sentia que não estava sozinho e que o mundo tinha pintado no céu os versos da luz que me tinha acompanhado a Noite toda. Cheguei a casa a sorrir. Quando me apresentei à casa de banho para me despedir do dia e fechar os olhos eram seis da manhã e quando olhei para o meu reflexo uma última vez nessa madrugada, a luz estava lá ao fundo, bem dentro do meu corpo. Deitei-me e ela adormeceu perto do meu coração.

02.01.07

Um quadro ao fundo do céu

Um esboço de figuras quadradas,
Pinturas de céu em cores inexistentes,
Um ponto infinito no canto superior do jardim,
Aquele que ultrapassa qualquer limite do papel.

Uma sombra que parece a madrugada,
Uma bola lançada por uma criança que caiu.
Um sorriso apontado pela mãe que a mima,
Um grito de amor de alguém que já partiu.

Na saudade, um abraço de dois seres que não se conhecem.
Um rápido entrelaçar de sonhos e conhecimento da foz.
A foz que flui sem medo entre os dedos de cada um,
Numa lápide da vida que sopra por nós.

Uma página de lições contadas por um mestre a um discípulo
Caída no chão pelo desassossego da dor
Talvez a revolta de ter estado em perigo
Na encruzilhada da vida de um "eu" salvador.

Uma gravura no canto inferior esquerdo
Com duas mãos a tocar-se e dois olhos de amor.
Um perfil único pela união dos corpos.
A dança da vida, o ritmo predador.

Lá longe um corvo dado,
Ao canto, uma vontade, um refúgio, letal clamor
No cume tétrico a liberdade,
Neste branco de nada e de tudo em redor

13-01-07
Whispering whispers of whispered sorrow...

Heresias em ti

Esta Noite estás longe, despida
Parece que danças por detrás da Lua
Saboreando as palavras da despedida
A saudade que te traz nua

Em estacas de ouro, uma balada
De sonhos hereges, fantasia
Caminhando perdido na alvorada
Eu em rés, assim esquecido

Parece transparente a melodia
Essa dança inocente que te destrói
As palavras da lápide - nossa um dia -
Sabeis bem porque me dói...

E se olho para ti e te vejo
Mesmo sabendo que não estás
É porque é meu real desejo
Ser envenenado pelo que me satisfaz

Se sois deusa, eu sou mendigo
Por te olhar do fundo da verdade
E se sois prado do ser vivido
A morte é luz... eternidade...

07-04-07

Rasgões de Amor

Rasgo-me infinitamente para te dizer que sou eterno e que os bocadinhos que me apresentam me limitam. Sou como tu quando me olhas mas as palavras prendem-me a factos que não existem. Sou como tu nesse olhar despido, sou assim e tu não te importas. Essa vontade de me arranhar a pele deleita-nos. Um encantamento de pétalas esculpidas em espinhos. Cobres-me a dor com gritos de alegria e o resto são os sinos do tempo. Ergues o fogo nessa transpiração de prazer e envolves heresias no pensamento. Cobres-me a razão com a carnalidade do ter e estar e unimos corpos com a ferocidade de uma só instância. Somos um. Um num momento único e transparente. Somos a melodia da Noite e a comoção da Lua. Somos o pecado, o fim do tempo. Por segundos, somos tudo. Tudo nessa instância que não existe. A música é o tilintar das coisas e a sombra, o que não se vê. Somos nós na dança do amor que se apodera de nós na sua forma mais venenosa e nos deixa ir além fronteiras e descobrir por momentos a eternidade. Olhas-me com esses olhos letais que me ferem o coração e perguntas-me no silêncio se ficarei contigo. No vazio do nada, o sorriso diz tudo e o resto é toda a balada que só nossos corpos abençoados foram de conhecer.

30-04-07

Ali.

Lá fora caem as gotas da infância do tempo, ouvindo-se os rasgões do céu pelas asas que não cessam de dançar. Entre os quadros desenhados por D. Infanta e as melodias de gatos inquietos e cansados, o vinho continua em cima da mesa, desenhando a branco, por de trás, toda uma constelação de desejos cobiçados pelo não sentir. Nessas gulas de barões, as bolas de pêlo surgem como se de simples bolas de sabão se tratasse. Entre os quadros a negro e o bulor desinteressado nos cantos de cada dor, firma-se o estrondo do exterior sangrado, firma-se a voz, firma-se furor. Lá longe, talvez ao lado de cada grão do que se avizinha, uma mera brisa de luz. Entre si, salpicos negros de pequeníssimos voadores migrando por medo, necessidade ou simples loucura. Estre si, sim, um rasgão de espaço e de tempo. Entre si, nada, tudo, nada. No pincel, toda a vontade, toda a independência. No traço, toda essa fórmula letal de como poder viver...

14-12-08