segunda-feira, 28 de abril de 2008

Gotas de Inferno

Palavras puxam palavras,
Tempos, outras tantas marés
São de ouro e ousadas
Um jogo cavernal de rés em rés

Talvez entre novidades do tempo
Esboço do que está - fica por dizer
Sabor amargo, descontentamento
Um fruto de morte ao amanhecer

Saboreando o vento que me alicia a dor
Ao longe, nesse púlpito do rés do chão d'agonia,
Sabendo caminhos, derradeiro furor
Uma voz de luto entoando uma tal melodia

Sei-me reflexo de mim mesmo
Um esboço da fatiga e da maldição
Sei-me dois, três, quatro, um esmo
Sei-me eu e mim sem coração

Entre tanto saber, muito é vácuo no conhecimento
Ópio de cores sagradas, essas tais, tenro momento
Cada momento, hora história,
Cada história, viso estranho

E sou eu que não me engano
Talvez até por não ser sequer
Entre luto e voz de engenho
Nessa vossa aparência de livre temer

Sou rochedo, sou alma vaga
Sou dois em um ou algo mais
Sou talvez uma amostra, neutralidade paga
Sou um berro esquecido, um misto d'ais

E ao vento sei que o reflexo acaba
Letal veneno de ser quem sou
Nessa alma que me chega, que me afaga
Nesse gesto eufórico do nihil a que me dou

Sou, sou, sou... E de ser, a alma crava
Crava por sentir que é
Talvez a luz seja a palavra
Certamente a resposta a que não se vê

Mudei de cor, mudei de alma
Sou dois em um ou algo mais
Sou talvez raiva que não se espalma
Sou a divina comédia, a ode d'ais

Sou reflexo do que o tempo oferece
Uma cobaia nas mãos do mal
Um inferno que humedece
Nessa fraga de vento, uma lápide surreal

2 comentários:

David disse...

n mudes nc camaleao pk nos queremos-te ca, colyi (palava de verificaçao a condizer ctg LOL) xP

Corvi Umbra disse...

LOL Ah! Agora percebi o nick!! Interessante...