quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Crónicas de enlevo nessa lânguida execrabilidade de fados seus
Penso e repenso nas badaladas memoráveis do que foi ou fica por ser, entre notas roucas de um piano despido no tempo. Penso e repenso e cheiro nada. Venenos diante sonhos e cálices de utopia entre cada vértice daquela sala. Lembro o barão de fogos que nos uniram numa Noite e relembro o tremor, o gelo híbrido que me acariciou as costas. Mais ainda, a dança de ópio que nos embalou numa troca de imagens, de saberes. Lembro o grito orgásmico, a palavra final do consentimento. Todo o toque, todo a brisa que advinha de cada poro seu. Os desenhos nas costas, os quadros no leito, as formas distorcidas dos lençois. As sombras bailarinas dos nossos corpos, a troca de matéria, o paralelismo de energia. A queda da cerveja, do absinto. O medo de interromper qualquer segundo, o medo de parar o tempo, o medo do estado de alerta, o medo do futuro, da continuidade, o medo do nada, do desconhecido. Algures, entre o cinzento dos olhos e o mel de cada beijo seu, fui perfeito, esqueci-me e fui perfeito. Entre umbreiras derretidas, violinos ardidos, os chãos corrompidos com suor, corpos derretidos, desfigurados, sem qualquer matéria, qualquer sanidade, qualquer cordão de maturidade, num jogo macabro de prazer, numa sede desumana de viver. Cada ponto, cada sombra desse ponto. Cada palavra, cada imagem dessa palavra. Cada saudade num borrar de outra passada. Nada. Lembro da manhã que se pôs quando chorámos o prazer. Longe de tudo, soube a delírio. Vivido. Grotescamente vivido. Entre feras, entre vidas. Uma união do tempo, uma fracção de segundos. A dose da dor a prevalecer. Sempre. Num prazer eterno mas surreal. Puro, porém, melodicamente por desenhar.
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4 comentários:
Este levo comigo!!
Vê lá onde o guardas.
ao lado da minha cama, colado na parede do quarto?
Bom sítio, acho eu
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