Pareceu estranho, talvez, o que escrevi há um par de dias. A verdade é que não há estranheza alguma em qualquer destes labirintos. Tudo tem uma razão e o que eu fiz não foi excepção.
Tenho andado a deambular por zonas, na vida, em mim, na sociedade e com ela, que me têm dado a conhecer melhor as atitudes humanas, as eventuais formas de as controlar e essencialmente o modo como tudo de facto se encontra perdido no nosso país - ou mesmo em todo o mundo - por razões comportamentais e por razões, apostava dizer, temporais - tanto climáticas como históricas.
Como referi atrás num post meu, tenho dedico bastante do meu tempo ao desporto. Este mês descansei apenas do judo mas segunda feira as coisas já são retomadas com toda a garra de um conquistador. Nas horas em que estou no tapete, tudo em mim ganha uma tamanha harmonia que qualquer dor e qualquer derrota são mais um estímulo para a edificação do meu psicológico, mais uma razão de orgulho no próprio desafio e mais um motivo de avaliação tanto da técnica como das várias personalidades que ali se podem encontrar. A verdade é que o judo é um dos desportos mais estruturais que se pode conhecer. Pode não ser das artes marciais mais ferozes aos olhos dos que a vêm mas chega a ser tão mais forte que taekwondo ou karaté quando devidamente praticado. Devidamente praticado implica força de corpo, técnica profissional e a cima de tudo responsabilidade de mente. Num tapete, quão mais matura a inteligência, mais imediata a vitória. É portanto um óptimo vínculo de análise e de estudo psicológico.
Por outro lado, no ginásio encontra-se todo um leque de pessoas já de idades mais elevadas cuja realidade é uma eventual depressão, sedentarismo ou problemas de ordem física que obrigam uma qualquer fisioterapia para accionar o corpo e impedir o esquecimento da mente. É um jogo entre os nossos dois lados mais importantes, um jogo entre o nosso dois em um. Deste modo, enquanto treino encontro-me em observação e tento conhecer o que está por detrás de cada sujeito naquela sala e a verdade é que dia a dia, independentemente das diferenças corporais, aquelas pessoas vão mostrando pontos de rejuvenescimento por todo um limpar de alma, por todo um enquadrar biopsicológico. Sendo aliás uma espécie biopsicossocial, estando em convívio com outras caras, todas as variáveis acabam por trabalhar e as melhorias são estrondosas.
Contudo não é apenas isto que me atrai e não foi esta a razão que me levou a escrever o que escrevi. A verdade é que a sociedade é feita de carris de inteligência. Queiramos ou não, aqueles que nos atendem são pessoas, aqueles que nos focam são pessoas, os computadores são manipulações provenientes de pessoas, os sistemas são registos de pessoas, o povo são pessoas, a sociedade é o misto de pessoas. Assim, não será difícil compreender que tudo depende da formação de cada uma delas (e com isto falo da educação tal e qual o valor desta palavra e não a ridícula ideia de quão mais doutor ou mestre se for mais se saberá ou poderá fazer).
Olho para o sistema e vejo tomadas de decisão completamente descabidas. Fica a ideia de que das duas uma, ou há uma exigência externa que leva os senhores das alturas a tomar tais decisões sob efeito de ameaça ou sob efeito de esconder um eventual problema ou então de facto não sabem o que andam a fazer nem com que problemas andam a lidar. Porém, não entrando na via concreta da política, existe todo o factor de pressão que acaba por ser automático no nosso psicológico. São os tais estímulos externos que nos moldam comportamentos uma vez trabalharem com o nosso sistema somático de modo a codificar informações base e encaminhar o nosso comportamento para a sede do medo, da moda ou simplesmente da neuropatologia da insignificancia credibilizada tão somente pelo próprio. I.e., quando sob efeito de um eventual pormenor complexo, o ser humano bloqueia a não ser que saiba controlar as suas emoções a um nível que premite não congelar a informação que traz consigo nem esquecer a possibilidade de a completar com outra que possa vir a adquirir. Tal não sucede na maioria dos casos. Na ordem política vê-se sobretudo uma bola de neve entre a luta pelo poder económico e a imagem de bem (pois hierarquicamente torna-se uma regalia poder dizer-se senhor doutor fulano xinfrano de tal e pessoalmente torna-se uma mais valia poder dizer que se é representante de um país). Mas as coisas não se prendem com questões unas de erros individuais. O que sucede é um condicionamento pelo próprio erro do país para com aquele que lá chegou. Podia entrar pela área da selecção do senhor (ou da senhora) que nos representa mas penso que mais importante será a educação por que essa pessoa passou. O erro vem de trás e a euforia, o drama, sucedem sem cessar, século após século, numa bola de neve, num ciclo vicioso, por não se abrir os olhos e, pior, não nos deixarem sequer ter a possibilidade de o fazer visto que o estímulo é sempre condicionado pela censura da verdade e pelo esquecimento do que realmente interessa: o povo, a base do país, o resultado do país. Na verdade, um país é como um sistema em que o coração é o povo e o cérebro é o líder. O coração permite que o país viva estimulando todo o restante corpo, ao passo que o cérebro é aquele que apenas orienta e comanda as informações de modo a que o corpo, ao qual igualmente o cérebro pertence, se mantenha homeostático e se demonstre saudável. Tal não acontece. Porquê? Porque os sistemas neurais de todos aqueles que actualmente vivem no nosso país estão condicionados por razões que eles mesmos desconhecem e por receios e revoltas que surjem aquando da crise, aquando da pressão da moda e essencialmente como fruto de uma lacuna enorme da educação por que se passou, tanto social como familiarmente (evidentemente que a questão pessoal estará em evidência em ambos os aspectos e até mesmo de modo individual, tratando-se de um eu uno e de uma experiência singular).
Se o país não tem modos iguais e não se preocupa com a forma como a base é moldada, tudo o resto, por mais importante que seja o capital, sairá condicionado. Portanto, de mansinho o erro instala-se e, na força da ilusão por falta de formação e por omissão da realidade por parte de quem a vive igualmente às cegas, a multidão enfraquece. Disto advém o drama, o desespero, a revolta, a dor, a depressão, a languidez, a morte e, para aqueles a quem isso importa realmente - ou pelo menos deveria importar -, a precisa morte de um sistema nacional dado que sem coração o cérebro deixa de poder trabalhar.
É efectivamente curto o espaço que há para explicar toda a complexidade do nosso sistema humano e, pior ainda, explicar, na via da subjectividade, os erros cruciais do Mundo e do Homem mas a verdade é que nada acontece por acaso e nada se altera sozinho. Existem n situações que precisam de imediata resolução e o bloqueio contínua a ser imenso. Euforicamente definido, perde-se na linhagem da consciência pois chega à linha do deliberado e portanto quebra o equilíbrio pretendido num qualquer sistema para que este possa ser saudável. Conscientemente apontado, esquece-se que se é humano e que o automático não é para nós. Somos variados, somos complexos, somos vazios quando o estímulo não nos chega. Temos portas que necessitam de ser abertas e temos um sistema que nos premite, quando em doença, quando com uma determinada limitação, complementar essa mesma deficiência de modo a conseguir equilibrar toda a nossa realidade. Sozinhos não o conseguimos por fraqueza e por cegueira estupidamente definida pelo próprio sistema mas na companhia de quem a isso possa dar atenção podemos ser heróis de guerra e ser mestres do poder, basta-nos saber aproveitar o que temos de melhor e esquecer que o preconceito e a ignorância são as chaves da insignificância... Achega das achegas, assim nos fala a psicologia...
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
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6 comentários:
Ficava um dia todo a ouvir-te. Aconchegadinha.
Uma lareira com companhia de sombras, chá e almas gémeas é sempre uma forma muito aconchegante de passar um dia, uma Noite, uma vida.
Sempre.
:) *
Eu ajuntava-me à Ana.
Lol
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