sábado, 20 de dezembro de 2008
Sei que não há palavras que definam sensações nem tão pouco heresias. As desculpas tem-nas a alma, nesse estado psicótico que nos é inerente. Somos feitos de pirâmides de sensações e comportamentos que nos são incutidos pelos outros, pela sociedade, pela vida. Sabemo-nos superiores a tudo o resto porque nos julgamos nesse egocentrismo circular. E assim nos mantemos, dia após dia, nessa corda de sensações. Arrepia-me. Sim. Bastante. Tanto que não me debruço devidamente sobre o tema por medo do que venha a descobrir. Sei-me venenoso; sei-nos venenosos mas é curioso como é realmente nesse veneno que jaz toda e qualquer resposta, nessa cobiça de sombras e de espasmos por soltar. Lá longe, acomulados de crenças e de linhas rectas. Perto, acções standartizadas nesse desnível de Industrialização Humana. E entre esses pontos, tão pouco por dizer e tanto por desvendar...
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
É com grande espanto que sempre olhei para esta época. Penso que quando era pequenino ainda cheguei a acreditar que o senhor da barba branca e das renas mágicas vinha de lá dos mundos mais distantes benzer-nos com prendas por felicitação espirito-comportamental. Lembro-me de ficar à janela à espera e a pensar que a melhor prenda era a de me tirarem de onde estava, de me retirarem o que sentia e de me darem estabilidade. Nunca o recebi. Ano após ano, sem qualquer outra oferta, o que me era concedido era o esbanjar de dinheiros. O ridículo esbanjar de dinheiros. Consolas, jogos, bolas, bonecos, livros, chocolates, roupas e mais roupinhas(...), mimos. Mimos que vinham até daqueles que não conhecia. Chegavam e ficavam ali. Como simbolo, como marca. Pensava para comigo motivos para tal oferenda, sobretudo quando o conteúdo nada tinha a ver comigo. Aos poucos e poucos fui-me apercebendo do contexto da época, do seu sinónimo, do seu significado e, em tempos, esta atitude ganhou alguma forma na minha consciência e comecei a conseguir aceitar. Igualmente, compreendi que o desejo primário nunca merece ênfase num dia em que o símbolo é tão só a mão do Homem. Deixei-me de crer, deixei-me de sonhar. Rendi-me ao que tinha como lucro e ao que me era doado e deixei-me ir.Pouco após os meus 10/11 anos, comecei a sentir na pele o que era a saudade, o que era uma despedida. Senti na pele a amargura da existência e do vazio. Nesse contexto, olhei para o mundo e desenhei uma nova forma desta época de renascimento. Aprendi a desgostar das ofertas, dos doces, do banquete, do simbolismo. Passou de esperança a hipocrisia. Aos poucos deitei-me nesse abismo. Deixe-me esquecer qual o seu valor. Lembro-me de mais tarde, por volta dos 14 anos, ganhar nova noção. A hipocrisia aumentara mas o simbolismo também ganhou nova forma. Aprendi que o Homem só serve para deturpar factos e momentos e entreguei-me à natureza, na sua mais tenra forma, e sublinhei a época como um renascer e um reencontrar de um ponto pessoal. Passava em família por mais que a família longe disso estivesse. Aprendi a mostar-me presente por mais que me custasse a união com cada um dos seus membros. Aprendi a não querer prendas, a não ter esperança, tão só a dar. Dar no acto e não na forma. Dar no abstracto e não no material. O objecto era tão só o bem dizer, o bom sentir. A falácia, qualquer outro símbolo, qualquer outra vontade.Actualmente, não sei definir o Natal na boca de quem o fala. Não sou cristão, não sou católico, tão pouco sou cocaólico. Ao pensar no que sou ou deixo de ser, fica tão somente o nada e é nesse nada que fica o Natal. Não, não é vácuo, não é vazio. Não é o nada que fica no tétrico de um abismo incomensurável. É um daqueles vazios que alicia porque nos dá sem saber ao certo o quê nem como. A hipocrisia fica, o mal olhado cresce, o simbolismo morre mas a vontade cultiva-se. Sei-me parte de um todo que não me pertence nas linhas cruciais da minha existência mas o meu todo, é a minha parte. Não ligo de todo às chamas da fogueira nem às luzes que cintilam entre flocos de plástico e figuras históricas cuja realidade se desconhece e tanto abomina.Não me interessa qualquer dos laços que se estabelecem entre papeis coloridos e caixas recheadas de gula, boémia, malvadez e materialismo. Comporta-me a saudade de ser criança, o brilho da estrela que vinha honrar a nossa existência, que vinha limar uma nova era, um novo caminho. Ao longe, fica uma história por contar e um sentir que humedece os olhos. Não por dor mas por comoção. Arrepios medonhos entre os pés e a cabeça, entre os olhos e os tornozelos, em cada buraco esculpido no peito, em cada grito de felicidade. É assim que jaz o Natal em mim, na união mais pura com aqueles que tanto amo, odeio ou desconheço. Não importa qual a linha que se segue, qual o padrão desse simbolismo. É um período de sentimento, de reflexão, de paz. O teor tão só pertence a quem o sente, o motivo, de pouco importa, o resto é a definição aparente nesse jogo sujo de quem vê e tanto mente. O Natal é nascimento, é renascimento, é união.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
domingo, 7 de dezembro de 2008
Pequenos momentos de liberdade...
É curioso como a vida acarta uma sabedoria tal que chega a ultrapassar os limites do próprio tempo. Aos poucos, os passos experimentais vão ocorrendo e o armazem de cada um cresce e desenvolve, amadurecendo, ganhando forma dentro do derradeiro contexto natural. Passamos de meras tabulas rasas e tornamo-nos amostras de crespúsculos de pensamento, quadros de matéria astral. Juntamos moléculas e juntamos estímulos. Processamo-los e, de melhor ou pior forma, assimilamo-los no nosso inconsciente. E que mais é este que uma simples pérola de outros tantos desconhecimentos em que a letal essência não cessa de existir mas insiste em não se querer desvendar? Esconde-se em nós, apela por nós, usa-nos, abusa-nos e parte novamente para o esconderijo (outro) que tão gulosamente aprecia por nos sugar. Tudo, em pequenas fracções de tempo. Sub-fracções até. Tudo em cada um de nós, de n formas irregulares e diferentes, de tantas que, em cada, outro reflexo de n's continuar-se-á a desenvolver.
Porém, mantem-se a questão da evolução. Por tantos anos, os seres gerais entregaram-se à descoberta. Moldados pelo próprio tempo, influenciados pelo próprio espaço, motivados pelo próprio compincha (bem como - nesse espanto - o mais tremendo dos inimigos), foram-se encaminhando, dia após dia, década após década, século após século, em círculos de sucessos que sucedem sem cessar. Apenas se alteram formas e conteúdos extra. As bases mantêm-se, os limites perduram. O espaço e o tempo desregularizam, em meras instâncias, após cálculos a fio de fragas corrompidas, todas aquelas expressões conquistadas, todo o habitat nutrido, toda a selva já apagada. Tudo. Formulam-se novas fórmulas, esquecem-se as anteriores. É uma luta contra o próprio tempo, esse capataz deste cárcere de ironias.
Por outro lado, recordo constantemente aspectos do passado. Marcas que se tornam em cicatrizes. A pele completamente desfigurada entre linhas, entre poros. Completamente perfurada num secretismo capital. Recordo-o, vivo-o, sinto-o. Estou lá enquanto o tenho em mim. Até que, de repente, num inatismo de obstáculos impermeáveis a qualquer poder, o meu non-ego me cospe na cara e decide desfigurar o meu pensamento. Por momentos, fica a dúvida se será de fora, se será de dentro. Junto, o turbilhão de imagens e de pulsões entre os rítmos musicais que imediatamente explodem. Sonhos e suspiros de coisa nenhuma, parafraseamentos de todo o aqueduto de mentiras que se tornam a mais pura da verdade. Entre tais, a nossa fantasia. Entre tais, o nihil horrendus. Entre tais, o veneno da passagem desse leito de cor para o leito do abismo de imagem alguma. Essa transparência de momentos salpicados ao longo do nosso percurso, nessa curiosidade enfadonha, nesse desejo obscuro de mais querer conhecer.
E entre todos esses mesmos labirintos, recorre-se à união astral de fontes, em que o odor isecrável de cada corpo se une, se sente, desmentindo qualquer sensação. Automaticamente, estímulos não terrestres, não contemporâneos, não familiares, não sequer plausíveis de considerar até, estendem-se ao longo do nosso tendão de consciência e descortinam a melancolia dessa medonha pequenez de ser humano. E longe de fragas corrompidas - essas, sim, do cismático odor de sombras - apressam-se as palavras e aproximam-se os momentos que nos definem surrealmente o dia a dia. Entre cada, uma pitada de sal ou tão somente uma colher de sonho mesmo sendo a vida muito mais do que uma fantasia. Paraísos, há-los no Olimpo e no mais intenso fogo de gatos. Entre cada ponto de sódio, oxigénio, potássio e dióxidos paralelos, em figuras que nada têm se não o grito de esperança pela desunião de factores e de factos.
Naquele quadro lá ao fundo, por detrás da melodia que me canta e encanta o sentimento inesperado, saem os gritos do passado. As mortes, os nascimentos, o sexo, a palavra, a doutrina, o trabalho, o baralho, a boémia, a gula, o opium, o sangue. E para lá de tudo isso, a história de uma vida corrompida pela própria sociedade, pela própria astralidade, pelo próprio saber de coisa nenhuma que se pinta tão mais importante que tudo o resto. E lá longe, onde tal quadro suscita amor, salvação e destino, sabe o relógio contar o enredo e desvendar a criatura mais infiel do nosso próprio caminho. Sabe-nos unir entre sombras e limar o próprio labirinto que nos sugere. Quantas vezes não nos passa a vitória pelas mãos por actos completamente desproporcionais a tais feitos? Quantas vezes não se nos apela a sorte ainda antes de a termos requerido no nosso dia a dia? Quantas vezes não balançamos para esquecer quem somos e percorrer automaticamente, num padrão definido tão somente pelo nosso corpo, todo o nosso destino, todo o nosso furor de vontade de ser quem não se é?
E relembro também os momentos de união. Sim, essa que nos faz explodir entre dor de pena e dor de prazer. Relembro cada uma das danças que nos fazem aumentar o nosso fluído de equilíbrio, a nossa faísca na natureza e o nosso busílis do ser e do existir. Relembro as uniões que ocorrem na casualidade do momento por motivos alguns e todos eles ao mesmo tempo, recordo-as entre mim e entre o sol, com a lua ao pé a mirar na escuridão daqueles panos violetas que a cobrem incomensuravelmente. Relembro a universalização de pensamentos como se de telepatias se tratasse por gerações de gerações de gerações que o sentem, num número infinito de horas vagas, de silêncios por distâncias descomunais, e ainda assim o assimilam, generalizam e tudo mais. E, sim, recordo o destino como um fardo. Recordo o finito por promessas e inconsciências abismais pois tais quadros são desumanos quando os limites são de várias formas e de nenhuma voz salpicada, apostando apenas instâncias de algo ou coisa nenhuma a fim de o tornar real no pensamento que se perde nos demais.
Porém, mantem-se a questão da evolução. Por tantos anos, os seres gerais entregaram-se à descoberta. Moldados pelo próprio tempo, influenciados pelo próprio espaço, motivados pelo próprio compincha (bem como - nesse espanto - o mais tremendo dos inimigos), foram-se encaminhando, dia após dia, década após década, século após século, em círculos de sucessos que sucedem sem cessar. Apenas se alteram formas e conteúdos extra. As bases mantêm-se, os limites perduram. O espaço e o tempo desregularizam, em meras instâncias, após cálculos a fio de fragas corrompidas, todas aquelas expressões conquistadas, todo o habitat nutrido, toda a selva já apagada. Tudo. Formulam-se novas fórmulas, esquecem-se as anteriores. É uma luta contra o próprio tempo, esse capataz deste cárcere de ironias.
Por outro lado, recordo constantemente aspectos do passado. Marcas que se tornam em cicatrizes. A pele completamente desfigurada entre linhas, entre poros. Completamente perfurada num secretismo capital. Recordo-o, vivo-o, sinto-o. Estou lá enquanto o tenho em mim. Até que, de repente, num inatismo de obstáculos impermeáveis a qualquer poder, o meu non-ego me cospe na cara e decide desfigurar o meu pensamento. Por momentos, fica a dúvida se será de fora, se será de dentro. Junto, o turbilhão de imagens e de pulsões entre os rítmos musicais que imediatamente explodem. Sonhos e suspiros de coisa nenhuma, parafraseamentos de todo o aqueduto de mentiras que se tornam a mais pura da verdade. Entre tais, a nossa fantasia. Entre tais, o nihil horrendus. Entre tais, o veneno da passagem desse leito de cor para o leito do abismo de imagem alguma. Essa transparência de momentos salpicados ao longo do nosso percurso, nessa curiosidade enfadonha, nesse desejo obscuro de mais querer conhecer.
E entre todos esses mesmos labirintos, recorre-se à união astral de fontes, em que o odor isecrável de cada corpo se une, se sente, desmentindo qualquer sensação. Automaticamente, estímulos não terrestres, não contemporâneos, não familiares, não sequer plausíveis de considerar até, estendem-se ao longo do nosso tendão de consciência e descortinam a melancolia dessa medonha pequenez de ser humano. E longe de fragas corrompidas - essas, sim, do cismático odor de sombras - apressam-se as palavras e aproximam-se os momentos que nos definem surrealmente o dia a dia. Entre cada, uma pitada de sal ou tão somente uma colher de sonho mesmo sendo a vida muito mais do que uma fantasia. Paraísos, há-los no Olimpo e no mais intenso fogo de gatos. Entre cada ponto de sódio, oxigénio, potássio e dióxidos paralelos, em figuras que nada têm se não o grito de esperança pela desunião de factores e de factos.
Naquele quadro lá ao fundo, por detrás da melodia que me canta e encanta o sentimento inesperado, saem os gritos do passado. As mortes, os nascimentos, o sexo, a palavra, a doutrina, o trabalho, o baralho, a boémia, a gula, o opium, o sangue. E para lá de tudo isso, a história de uma vida corrompida pela própria sociedade, pela própria astralidade, pelo próprio saber de coisa nenhuma que se pinta tão mais importante que tudo o resto. E lá longe, onde tal quadro suscita amor, salvação e destino, sabe o relógio contar o enredo e desvendar a criatura mais infiel do nosso próprio caminho. Sabe-nos unir entre sombras e limar o próprio labirinto que nos sugere. Quantas vezes não nos passa a vitória pelas mãos por actos completamente desproporcionais a tais feitos? Quantas vezes não se nos apela a sorte ainda antes de a termos requerido no nosso dia a dia? Quantas vezes não balançamos para esquecer quem somos e percorrer automaticamente, num padrão definido tão somente pelo nosso corpo, todo o nosso destino, todo o nosso furor de vontade de ser quem não se é?
E relembro também os momentos de união. Sim, essa que nos faz explodir entre dor de pena e dor de prazer. Relembro cada uma das danças que nos fazem aumentar o nosso fluído de equilíbrio, a nossa faísca na natureza e o nosso busílis do ser e do existir. Relembro as uniões que ocorrem na casualidade do momento por motivos alguns e todos eles ao mesmo tempo, recordo-as entre mim e entre o sol, com a lua ao pé a mirar na escuridão daqueles panos violetas que a cobrem incomensuravelmente. Relembro a universalização de pensamentos como se de telepatias se tratasse por gerações de gerações de gerações que o sentem, num número infinito de horas vagas, de silêncios por distâncias descomunais, e ainda assim o assimilam, generalizam e tudo mais. E, sim, recordo o destino como um fardo. Recordo o finito por promessas e inconsciências abismais pois tais quadros são desumanos quando os limites são de várias formas e de nenhuma voz salpicada, apostando apenas instâncias de algo ou coisa nenhuma a fim de o tornar real no pensamento que se perde nos demais.
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